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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Perdida #33

— E? — Joe instigou.
— E eu cresci! Aprendi que contos de fadas só acabam bem nos livros. — dei de ombros e suspirei.
— Contos de fadas podem se tornar realidade, Demi. Basta que a princesa não lute contra a própria felicidade. — sua voz intensa.

Elisa e Teodora se entreolharam sem entender, mas é claro que eu sabia bem ao que ele se referia.

— Às vezes, ela não tem outra escolha. Às vezes, não é possível que ela possa querer ser feliz, porque ela está no lugar errado, ainda que o príncipe... — pareça ser o certo eu quis acrescentar, mas não fui capaz. — Talvez ela queira muitas coisas, mas não tenha o livre-arbítrio para poder decidir nada.
— Então, talvez ela devesse lutar pelo que quer. — Encarei-o por um momento, sem saber bem como responder. Por que eu queria ficar com ele, mas também queria voltar para minha casa. Então, lutar como? Como conciliar duas coisas tão incompatíveis?
—Talvez ela nem mesmo tenha essa opção. — sussurrei, sentindo meu coração se apertar dentro do peito.

As cabeças das garotas se viravam de um lado para o outro, como num jogo de pingue-pongue.

— Talvez não sozinha, mas talvez o príncipe pudesse se ela o permitisse. — seus olhos brilhavam, mesmo na luz fraca da lanterna.
— Não dá! Ela tem que resolver sozinha. — tentei ser firme.

— Talvez a princesa esteja sendo muito teimosa! — ele disse sarcasticamente.
— Talvez o príncipe não saiba a história toda para poder julgá-la!
— Como ele pode conhecer a história toda se ela não confia nele o suficiente para contar sua história? — sua sobrancelha se arqueou desafiadoramente.
— Não é falta de confiança, Joe. — sacudi a cabeça. Estava exausta,emocionalmente. — Eu... Ela não pode contar porque nem ela mesma sabe o que está acontecendo.
— Não acredito nisso!
— Você é tão cabeça dura! — retruquei um pouco irritada.
— Sim, eu sou. Eu luto quando sei o que quero!
— Eu lutaria também, se soubesse o que eu quero! — disse um pouco mais alto do que pretendia.

Ele sorriu, divertido com minha raiva. Cruzou os braços sobre o peito largo e esticou as pernas no pequeno espaço que restara no interior da carruagem. A ponta de suas botas se esconderam sob a barra do meu vestido.

— Não acredito nisso também.
—Ah, não?
— Não! Você sabe bem o que quer e está com medo de admitir. — concluiu, muito seguro de si.

Urgh! Ele era tão teimoso!

— Falou o senhor sabe tudo! — rebati acidamente.
— Sabe, senhorita, posso lhe assegurar que conheço seus sentimentos melhor que você mesma.
— Eu devia ter quebrado seu nariz quando tive a chance! — cruzei os braços sobre o peito.

Joe gargalhou. O som de seu riso fez coisas estranhas em meu corpo.

— Nunca é tarde para reparar um erro. — acrescentou carinhoso. — Estou à sua disposição, senhorita.
— Vocês estão brigando! — Elisa exclamou, assustada.
— Não! — Joe e eu respondemos ao mesmo tempo

Olhei para ele, que me encarava com ternura e diversão e fui incapaz de continuar irritada. Rimos juntos e as duas garotas nos olharam como se nós dois fossemos malucos.

— Não estamos brigando, Elisa. Apenas estamos tentado chegar a um acordo sobre um assunto de mútuo interesse. — ele disse à irmã, mas seus olhos não deixaram meu rosto, o sorriso ainda em seus lábios. — Não se preocupe. Essa não é a primeira vez que a senhorita Demi ameaça quebrar meu nariz. E ouso dizer que não será a última.

Tentei não rir, mas foi impossível não corresponder ao seu sorriso.

— Não gosto de vê-los discutindo. Estimo demais aos dois, não poderia suportar se brigassem. — Elisa sacudiu a cabeça, aflita.
— Não é uma briga, Elisa. De verdade. É que seu irmão sabe como me perturbar como ninguém, é tipo um dom! — me perturbar de todas as formas possíveis e imagináveis.
— Posso dizer o mesmo sobre você! — o brilho prateado se espreitou em seus olhos. Tentei respirar normalmente.

Teodora se hospedou mais uma vez na casa de Joe e Elisa. Assim que entramos, desejei boa noite e praticamente corri para o quarto. Não queria correr o risco de me encontrar com Joe pela casa e, de repente... Não queria correr o risco! Quando cheguei ao quarto, corri para meu celular, que estava apagado como quase sempre. Eu tinha a estúpida ideia de que algo estaria ali — uma mensagem — depois do incidente com Joe na carruagem, mas não havia nada. Minhas suposições estavam falhando, ao que parecia. Demorei a pegar no sono naquela noite, em parte por que Joe não saia da minha cabeça — ainda sentia meu corpo se arrepiar apenas com a lembrança do cheiro de sua pele e em parte porque não tinha tomado banho. Fiz uso da água do jarro para lavar apenas o essencial e mais nada. Custei a dormir. Entretanto, meu sonho foi muito real naquela noite. Joe e eu estávamos em casa — na minha casa. Ele sentado no sofá e
eu deitada, minha cabeça em seu colo. Conversamos sobre coisas banais e sua mão brincava em meus cabelos. Uma música suave coloria a cena. Foi tudo tão real que eu podia dizer até o nome da música que ouvi em meu sonho. Acordei cedo outra vez, não sei se devido ao sonho estranho ou se pelo incômodo. Mas, já que estava desperta e o sol havia nascido, decidi sair da cama. Juntei os apetrechos de banho e minhas roupas — minha saia e regata — e saí sorrateiramente.

Não encontrei ninguém na cozinha ou nos corredores. Imaginei que ainda fosse muito cedo para que os empregados estivessem por ali. Segui o caminho que Joe e eu fizemos no passeio do outro dia e assim que cheguei ao rio procurei em todas as direções por algum olho curioso, mas eu estava sozinha. Deixei a trouxinha perto da margem do rio e me despi. Pensei em entrar na água aos poucos, mas imaginei que ainda estaria um pouco fria, o sol ainda era fraco. Então dei um impulso e mergulhei na água cristalina.

Caramba! Gelada! Gelada! Gelada!

Minha respiração se acelerou e me arrepiei inteira. Batendo os dentes, alcancei a trouxinha e comecei meu banho, quanto mais rápida eu fosse, mais rapidamente sairia da água fria. Contudo, depois de alguns minutos, meu corpo foi se habituando com a temperatura da água e pude aproveitar melhor meu banho. Não me lembrava da última vez que tinha tomado banho de rio, talvez quando ainda era criança. A suave correnteza brincava em minha pele e, depois de me sentir limpa, realmente desfrutei o rio. Tanto que realmente estava brincando exatamente como uma criança — jogando água prcima e tudo! — quando Joe me encontrou.

— Você é impossível! — censurou, me assustando.
— Joe ! — gritei, afundando na água o mais rápido que pude, mas pela sua caraconstrangida, tive plena certeza de que ele tinha visto bem mais que meus belos olhos castanhos.

Era a segunda vez que ele me via tomar banho. Pelo menos dessa vez meu cabelo não estava verde, me consolei.

— O que está fazendo aqui?
— Pretendia lhe fazer a mesma pergunta. O que faz aqui tão cedo, desacompanhada e... — ele olhou o vestido jogado no chão. — Sem seu vestido?
— O que parece? Estou tomando banho, não deu pra notar?
— Notei sim. Lá da estrada! — seu sorriso me perturbou. Não sabia se era irônico ou desgostoso. Mas, com certeza, não era um sorriso feliz.

Ai, droga!

— Você devia ter pedido aos criados para que lhe preparasse o banho. Não é seguro, tampouco apropriado, que esteja aqui nestas condições. — proferiu austero.
— Acontece que dá muito trabalho tomar banho por aqui, sabia? Já tentou preparar seu próprio banho alguma vez? — sua testa se enrugou. Claro que ele nunca tinha feito isso. — E pare de chamar seus empregados de criados, é irritante, grosseiro e ofensivo!
— Perdoe-me, senhorita, mas acho que não a compreendi.
— Você me entendeu sim! Pare de dizer que são seus criados. São seus empregados. Seus funcionários. É tão ridículo se referir a eles dessa forma!

Joe não sabia se ria ou se ficava irritado.

— Por que se importa com isso? — questionou.
— Por que eu também trabalho! Se meu chefe se referisse a mim como sua criada, eu te juro que arrancaria as tripas dele pela orelha!

Joe tentou não rir do meu pequeno discurso trabalhista, mas acabou gargalhando alto. Só então me dei conta que Storm estava ali também.

— Ele fugiu outra vez? — perguntei sem pensar.
— Não. Estamos tentando uma caminhada amistosa. — ele passou a mão no pescoço do cavalo. — Estou tentando me tornar seu amigo.
— Joe, olha só, eu preciso sair daqui antes que minha plateia aumente. — ergui apenas uma sobrancelha. — Será que poderia se virar, por favor?
— Certamente, senhorita. Eu a deixaria sozinha se tivesse certeza de que nenhum rapazote fosse aparecer por aqui e... — ele se virou e terminou com a voz mais baixa — Imaginar tolices.
— Engraçado. — eu disse, me erguendo na margem e me embrulhando com o pano-toalha. — Não é que você tem razão! Tem mesmo um rapazote que insiste em me ver tomando banho! Já fez isso duas vezes!
— Não era minha intenção... — ele começou e depois se virou rapidamente para me olhar nos olhos. — Quem é um rapazote? — Seu rosto indignado. Ele estava ofendido.
— Você, quem mais? — apertei mais firme o pano-toalha, mas senti que se grudava em cada curva de meu corpo conforme absorvia a água. Rezei para que não revelasse nada mais.
— Sou homem há muito tempo! E, se não estou enganado, até já lhe provei isso.

Eu corei. Lembrei-me com muita clareza de seus beijos na carruagem, das carícias, da rigidez...

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Hey meninas,como foi de tarde,eu confesso que fiquei surpresa quando entrei e vi que as vizualizações não foram tantas em relação aos outros e os comentarios também,então por isso eu peço que me digam se não estiverem gostando da Fic.
Curtam,comentem,Kibem,deixem a opnião de voces,entre 22hrs e meia noite tem mais um capitulo.
Beijos,Nath

6 comentários:

  1. Sim, gostamos, talvez só algumas de nós estejamos ocupadas quando voce posta, mas queremos mais, okay? kk'
    Posta mais ^-^
    Beijos~

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  2. Que capítulo mais lindoooo
    Ansiosa para saber mais ❤️
    Posta logooo
    Beijoss

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  3. joe sendo ousado posta mais kkk

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  4. é logico que gostamos mulher kkk alias adorei o cap
    posta logo

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  5. sim nós gostamos podia postar mais.

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  6. Mas que pergunta é essa? é claro que estamos gostando :)

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