Queria respostas!
Ao chegamos na vila, notei que o movimento era bem maior do que o que eu tinha visto no dia anterior. Os prédios de paredes e portas igualmente altas estavam abertos. Fiquei surpresa com o tipo de comércio que vi. Na verdade, não achei que realmente se tratasse de comércio, era mais uma feira livre ou coisa assim. Diversas carroças se amontoavam na rua de pedras, com os mais variados produtos: galinhas e porcos vivos, verduras e legumes, artigos de decoração, um tiozinho esquisito vendia o elixir da vida por apenas uma moeda. Elisa me mostrou o que pensei ser a padaria nem de perto se parecia com uma, apenas uma banca na calçada estreita, repleta de pães variados. Vi o tal boticário, um senhor idoso, mas de uma vitalidade impressionante: Teodora me contou que ele fazia algumas poções que podiam curar doenças tipo um remédio homeopático, imaginei. Um dos comércios que passamos em frente tinha aparentemente tudo que dava para se ter ali, de sabonete a sacos de farinha, talvez fosse o precursor do supermercado. Fiquei
atenta a qualquer pessoa suspeita ou, de repente, um objeto que pudesse ser o que eu estava procurando.
Imaginei que, num lugar tão enfadonho, qualquer notícia nova devia correr como pólvora. Tive essa suspeita confirmada quando madame Georgette — não tinha a menor ideia do porquê todo mundo se referia a ela como madame — me cumprimentou.
— Então esta é mademoiselle Demetria Alonzo, — ela disse, com seu sotaque francês. — Fiquei curiosa a seu respeito. É encantadorra, chérrie!
— Err... Mérci? — arrisquei.
— Oh! Chérrie! — ela juntou as mãos sobre o colo farto. — Quanta delicadeza! Não me admira que mademoiselle Valentina tenha dito que o Senhor Clarke parecesse tão encantado com você, minha carra!
Ah! Que ótimo! Agora a família dele era a fofoca do dia!
— Mas este seu vestido! — ela fez uma careta, desaprovando. —Não está lhe favorecendo, chérie. Veja! Está frouxo e curto demais! Uma beleza como a sua precisa ser valorizada. — papo de vendedora, tão antigo quanto a vaidade feminina.
Ela me mostrou diversos vestidos quase prontos. Não me empolguei muito, não era meu estilo, mas Elisa ficou esfuziante.
— Me ajude a escolher um, Elisa. — pedi. Por mim, não levaria nada. Ela separou diversos deles para que eu provasse. Gostou muito de um branco, mas consegui convencê-la de que, para quem tinha poucos vestidos — ou nem um —, cores escuras seriam mais práticas, por não mancharem com tanta facilidade.
Acabei ficando com um vestido verde escuro e outro vinho — Elisa não permitiu que eu ficasse com apenas um, disse que o compraria de uma forma ou de outra, não me deu outra escolha. A costureira era muito hábil, apenas uma assistente a ajudava. A grande sala de seu atelier de costura estava escura, entulhada de tecidos e papéis por toda parte. Parecia que acabara de acontecer um terremoto. E eu pensei que meu
apartamento se parecesse com uma zona de guerra... Enquanto fazia alguns ajustes nos dois vestidos, madame Georgette me lançava um olhar reprovador toda vez que tocava minha cintura. Puxou a saia do vestido para que aumentasse o volume e sua testa se enrugou.
— Humm... — resmungou —... seus sapatos são muito interresantes, chérrie.
Elisa escolheu seu vestido rapidamente — marfim, mangas curtas, com alguns bordados delicados e ampla saia. Pelo desenho, achei a cara dela. Teodora, porém, deu mais trabalho. Disse diversas vezes que o vestido tinha que ser especial, digno de uma rainha! Madame Georgette devia conhecer muito bem suas clientes, pois pegou um rolo de tecido dourado e encorpado e o abriu sobre a mesa.
— Que tal este, mademoiselle Teodora? Não há tecido mais nobre nem mesmo na Eurropa!
Depois de meia hora, depois de muitos: este não está à altura de uma rainha,Teodora escolheu um modelo cheio de detalhes, com muitos bordados e de mangas bufantes.
— Não vai escolher o seu, chérrie? — me perguntou madame Georgette,piscando várias vezes seus cílios longos.
— Ah, não. Não sei se estarei aqui no sábado e, se por acaso ainda estiver, posso usar um destes dois aqui.
As três se entreolharam e depois olharam de volta para mim.
— Você deve escolher um vestido de baile, Demi. — me disse Elisa. Adorei a forma casual que usou para dizer meu nome. Sem frescuras, como fazia seu irmão, — Estes são para os dias normais. Já lhe disse que muitos amigos da família estarão lá. Quero que lhe admirem, e não que sintam pena. Além disso, Joe foi muito explícito esta manhã, quando me pediu para que lhe ajudasse a escolher o vestido, já que você não
está familiarizada com a moda local. — ela se aproximou. — Eu lhe ajudo!
Elisa colocou suas mãos em meu braço e me guiou gentilmente até a mesa onde estavam os desenhos de madame Georgette.
— Este ficaria muito bem em você, o que acha?
Dei uma olhadela no desenho. Tinha detalhes demais.
— Ainda acho que não é necessário, Elisa. Eu agradeço sua preocupação, mas realmente...
— Deeemi, eu vou escolher sozinha se continuar sendo intransigente. — e sorriu calmamente.
Suspirei.
— Preferia algo menos elaborado então. — fiz uma careta involuntária para o desenho. — Não quero chamar muita atenção. — sussurrei.
Elisa sorriu e continuou a virar as folhas grandes de papel amarelado.
— Já souberram da novidade? Ontem à tarde um chevalier se hospedou na penson de dame Herbert. A pobre viúva ficou assustada quando o homem bateu em sua porta, todo sujo, sem bagagem e sem criados! Mon Dieu!
Opa!
Virei-me para poder ver melhor o rosto da costureira, mas acabei esbarrando sem querer numa bacia cheia de botõezinhos que estava sobre a mesa. Milhares de bolinhas se esparramaram pelo chão.
— Caramba! Desculpa, madame. — me abaixei para recolher os pequenos botões enquanto sua assistente vinha a meu socorro.
— Não se preocupe, chérrie. Anelize cuidarrá disso. — disse a costureira, me levantando do chão.
— Foi sem querer, eu juro! — meu rosto ardia.
—Já disse parra não se preocupar com isso! O que estava dizendo? Oh! Sim,sobre o forrasteirro. Parece que foi assaltado, pobre homem! Mas, felizmente, não foi ferrido! — ela balançou a cabeça, fazendo seus cachos louros sacudirem.
— Onde disse que ele está, madame Georgette? — perguntei aflita.
— Na penson Herbert.
— Que coincidência! Parece-me que a história desse cavalheiro e a sua são parecidas... — Teodora começou e foi interrompida por Elisa rapidamente.
— Teodora, veja aquela fita! Acho que é perfeita para seu novo chapéu.
Elisa não queria que a costureira soubesse que eu também tinha uma história muito parecida. Pelo menos era o que ela e Joe pensavam, mesmo eu tendo dito diversas vezes que não havia sido assaltada.
— Onde, senhorita Elisa? Oh! É perfeita! Ficará linda em meu novo chapéu. — completamente distraída pela fita, Teodora se levantou da cadeira e foi até um bolo de fitas coloridas penduradas num varal. O assunto esquecido.
— Qual é o nome dele? A senhora o conheceu? — não pude me segurar. Eu precisava saber mais sobre ele.
— Não o conheci ainda, mas o vi hoje de manhã alugando um cavalo. Creio que está fora da vila no momento. Você o conhece? — suas sobrancelhas finas arquearam,vi a curiosidade crescer em seu rosto pálido.
— Ah, não! — dei de ombros torcendo para que minha expressão não demonstrasse a frustração que sentia por não obter mais detalhes. — Apenas... Fiquei curiosa. Aqui parece ser um lugar tão tranquilo!
— Oh! Há muito tempo que já não é assim, chérrie. Os tempos modernos estão trazendo muitas coisas desagradáveis.
Tempos muito modernos, realmente.
Não fiz mais perguntas. Não queria colocar Elisa numa situação constrangedora. Já era ruim saber que toda a vila estava falando da família dela por culpa minha, não queria complicar as coisas ainda mais. Esperaria até poder falar com Joe e pediria sua ajuda. Outra vez! Elisa escolheu o modelo do meu vestido de baile e eu mal prestei atenção quando ela me mostrou o tecido — branco, ela insistiu. Minha cabeça girava violentamente. Eu estava certa. Tinha mais alguém ali. Alguém que no momento não estava exatamente ali — não no vilarejo, onde eu poderia facilmente abordá-lo — e que, provavelmente, estava em algum outro lugar procurando como sair daquele pesadelo.
— Notei que não usa sua crinoline, chérrie. — madame Georgette sussurrou quando estávamos de saída.
Crinoline?
—Você está falando daquela coisa que se parece com uma gaiola? — de todos os objetos que Madalena me entregou junto com o vestido, a gaiola era a única que eu não sabia o nome.
Ela assentiu, gargalhando.
— E nem vou usar! Não conseguiria nem me sentar usando aquele troço. Não consigo acreditar que vocês usem de verdade!
Madame Georgette explodiu uma estrondosa gargalhada. Seu rosto vermelho de tanto rir. Aos poucos, conseguiu se controlar o suficiente para me dizer:
— Manterei isso em mente quando estiver trabalhando no seu vestido.
— Ah! Valeu, madame Georgette seria muito bacana! — quem sabe, se minha saia fosse tão imensa quanto as das outras mulheres, as pessoas parariam de me olhar de forma estranha. Da mesma forma estranha que me olhava a madame agora.
— Demi tem uma forma de falar um pouco diferente da nossa, madame Georgette. Ela é de longe! —esclareceu Elisa, sorrindo para mim.
— Muito diferente! — olha quem está falando! — Au revour, mademoiselles Vemo-nos em breve.
— Até. — Disse Teodora.
— Até logo. — cumprimentou Elisa.
Eu não disse mais nada. Apenas acenei um tchauzinho bem rápido e sai.
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Hey meninas,como ces tão? beem ne? eu peguei uma gripe infeliz,que bosta,enfim,esse capitulo teve mais Da Demi com a Elisa que com o Joe,se voces colaborarem ate 00:00 no horario de Brasilia,eu posto mais um,espero que goste. Curtam,Kibem,comentem.
Beijão,tia Nath
To comentando kk
ResponderExcluirPosta mais ^-^
Beijos~
POSTA MAIS MULHER PLEASE <3
ResponderExcluirSerá que esse homem vai esta no baile????
ResponderExcluirposta logooo
Quero ver a demi ficando e sambando na cara das inimigas nesse baile ,posta logo
ResponderExcluirAi que perfeito
ResponderExcluirAdoreeeiiii
Será que tem mais alguém ai...tomara que sim kkk
Posta logoo
Beijos