Páginas

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Perdida #28

— Não! — gritei, tentando recuperar o fôlego.
— Demi... — Joe ficou tão surpreso quanto eu com minha reação.
— Não. Não diga mais nada, Joe. Eu não quero ouvir mais nada! — me afastei um pouco mais. Meu corpo tremia, querendo desesperadamente voltar para o seu abraço quente. —Não posso me envolver com você! Não quero magoá-lo, e eu irei magoá-lo por que sei que vou voltar para casa!

Fiquei tão confusa enquanto estava em seus braços, a sensação de conforto e proteção me inundaram tão fortemente que, por um instante, pensei que já estivesse em casa.

— Demi — ele se aproximou, uma mão erguida para tocar meu rosto. Eu recuei.
— Tudo bem! — levantou as mãos espalmadas como quem se rende. — Não vou tocá- la, esta vendo? Por favor, Demi, perdoe-me. Eu fui um tolo pretensioso. Pensei que...
— Você pensou que eu estivesse... atraída por você. Pensou que... Que... Eu quero tanto tocar você que perco a noção de certo e errado. Que quando você me toca é quando me sinto mais viva. E que quando me beijou, foi como se finalmente minha vida começasse! Que até agora eu estive adormecida esperando que você me despertasse. — eu lutava bravamente contra as lágrimas que teimavam em sair.
— É assim que se sente? — perguntou, me encarando profundamente.

Mais lágrimas inundaram meus olhos e, dessa vez, não pude mais contê-las.
Abri os braços, exaurida.

— Faz alguma diferença?

Vi pela expressão de seu rosto — de dor, prazer, angústia — que ele havia entendido. Não pude mais ficar ali. Corri em direção a casa, levantando o vestido para ser mais rápida. Corri até meus pulmões queimarem.
Tranquei-me no quarto, ignorando as caras de espanto dos empregados quando
me viram atravessar a casa correndo com a saia erguida. Encostei-me na porta, ainda sem fôlego.

 O que foi que eu fiz?

Deixei meu corpo cair no chão e não segurei as lágrimas que vieram. Não sabia ao certo por que chorava: se era por mim, por Joe, ou pelo “nós” que jamais existiria. Ou se chorava simplesmente porque queria desesperadamente voltar para os seus braços outra vez. Marisa tinha razão, eu nunca me apaixonei antes. Nunca senti tão vulnerável, fraca e tola como naquele momento, a primeira vez, eu não sabia lidar com o que estava sentindo. Mas sabia, com cada fibra do meu corpo, que a agonia só acabaria quando eu
estivesse nos braços de Joe novamente.

BSS. BSS. BSS.

Levantei a cabeça dos joelhos e encarei minha bolsa.

O que era agora?
Rastejei até ela e peguei o celular. Nova mensagem?
Desconfiada, apertei o botão verde.

Fase dois : Completa.

Não tive reação alguma. Apenas olhei para a tela, li e reli a mensagem até ela se apagar e desligar totalmente. Eu não pude entender. Tudo bem que a conversa com Santiago foi um pouco bem pouco — esclarecedora. O celular que pensei ter visto em sua mão era a prova de que ele também estava naquela enrascada. Mas ela foi muito enfática quando me disse que eu só voltaria se encontrasse o que eu procurava. E, certamente, o que eu estava procurando não era a outra pessoa perdida ali, mas sim algo
misterioso e oculto, algo importante apenas para mim... E então, como se uma luz de emergência se acendesse, me lembrei do que disse a vendedora quando me ligou pela primeira vez.
E finalmente começar a viver sua vida!

Depois de ter beijado Joe, eu disse exatamente com eu me sentia, praticamente usando as mesmas palavras.
E quando me beijou, foi como se finalmente minha vida começasse. Será isso? Joe, de alguma maneira, poderia me levar de volta? A primeira mensagem chegou quando Joe e eu voltamos da vila. Joe estava
comigo. A segunda mensagem chegou depois do jantar em que conheci Santiago, depois que Joe e eu conversamos. Joe estava comigo. E a ultima chegou instante depois de termos nos beijado. Obviamente, Joe também estava comigo. Então seria Joe? Mas como me apaixonar por ele poderia me ajudar de alguma forma? Pensei sobre isso por um tempo, mas é claro que não consegui ver o que estava bem na minha frente. Talvez a jornada fosse Joe. Mas, se fosse isso, se me apaixonar por ele fosse o motivo real de eu estar presa no passado, como poderia voltar para casa e deixá-lo?

Não fazia sentido! Não poderia ser Joe.
Então o que era?

Uma vez que eu resolvesse o mistério, sabia que estaria em casa outra vez. Já estava ali há quatro dias e ainda não compreendia o que a tal jornada significava. Tentei unir as outras pistas que eu achava que tinha: Santiago, Joe, o celular e, talvez, meu livro. Nenhuma delas tinha ligação. Santiago e Joe não se conheciam anteriormente — é claro. Joe não conhecia um celular e nem, aparentemente, Jane Austen. Santiago talvez
conhecesse as duas coisas. Então onde Joe entrava na equação?

Talvez, quando estivesse mais calma, ligaria os fios soltos que agora me escapavam. Guardei o celular de volta na bolsa e me levantei, decidida. Eu não era disso, ficar sentada chorando e me lamentando. Eu lutava. E agora lutaria ainda mais para tirar Joe da cabeça. Se eu era capaz de aturar o intolerável Carlos
todos os dias, suportaria conviver com Joe — que era mais gentil e doce e lindo e forte
e, por isso mesmo, muito mais difícil — por alguns dias. Lavei meu rosto, ajeitei o cabelo — eu precisava dar um jeito nele, no cabelo e marchei para o corredor.
Para me distrair, tentei me concentrar em coisas mais simples mantendo Joe longe dos meus pensamentos. Coisas mais simples como fazer um condicionador. Contudo, não era tão simples assim conseguir um no século dezenove. Uma vez, numa das muitas maluquices de Marisa — na primeira viagem que ela
fez para o exterior, a doida resolveu que tinha que ser para a Indonésia —, ela cismou que o condicionador caseiro que as indonésias usavam era muito melhor que os caros de perfumaria. Servi de cobaia na época e o resultado até que foi satisfatório. Nem de longe tão bom quanto os cosméticos que eu usava, mas para o que eu estava usando — detergente sem nada para hidratar—, a gosma da Marisa era melhor que nada.

— Madalena, você conhece leite de coco? — eu já tinha encontrado as outras frutas.
— Leite de coco? Leite?
— Já vi que não! — sem leite de coco. Humm...

Mas tinha coco na imensa fruteira! E a água de coco era hidratante — pelo menos os médicos a indicava em caso de diarréia — e, se a água era capaz de hidratar por dentro, por que não por fora? Valia a pena arriscar! ~

— Errr... você pode furar este coco para mim, não sei fazer isso. — me desculpei, estendendo a fruta. — Só preciso da água.
— Claro. — disse ela, desconfiada. — Não sabia que a senhorita pretendia cozinhar!
— Madalena, não vou cozinhar. Eu nem sei como fazer isso, já te falei! — assegurei a ela. — Mas preciso fazer um pouco de condicionador pro cabelo. Daqui a pouco, você pode me confundir com um leão e atirar uma panela de água quente em mim.
— Condicionador? Para o cabelo? — sua testa se enrugou. Suspirei.
— Sim, veja como está seco. Preciso hidratá-lo ou vou acabar parecendo uma vassoura velha.

Enquanto ela abria o coco, adiantei meu trabalho. Amassei meio abacate e uma banana, misturei bem até virar uma papa grossa. Madalena me passou uma caneca com a água. Sob seu olhar curioso, fui adicionando o líquido aos pouquinhos e mexendo até que a consistência ficasse parecida com a de um condicionador de verdade. O cheiro era bom, muito melhor que o xampu com aroma de azeite.

— Pronto! — exclamei quando a meleca estava no ponto certo.

Madalena me olhava de um jeito estranho, parecia não entender o que eu faria com aquele mingau esverdeado.

— Quer experimentar? — ofereci.

Ela ergueu o dedo timidamente, passou na papa e depois lambeu.

— Não, Madalena, no cabelo. Quer experimentar para usar no cabelo?

Ela me lançou aquele olhar de “você é doida?”
Revirei os olhos.

— Funciona assim, você lava o cabelo com o xampu. Depois de enxaguar, aplica uma quantidade mais ou menos assim... peguei um punhadinho na mão — ... espalha no cabelo e enxágua de novo, vai ficar macio e desembaraçado.

Ela não pareceu convencida.

— Eu nunca ouvi falar disso!
— Eu sei! É por isso que eu tive que fazer! — poxa vida! As pessoas podiam se esforçar mais para me entender. Eu não era louca. — Vou deixar um pouco para você, fiz o bastante para duas. Você usa e amanhã me conta o que achou, certo? — coloquei um pouco dentro de uma xícara.

Ela ainda parecia desconfiada.

—Tudo bem, Madalena. Se não quiser usar, não tem problema. Mas eu realmente preciso tratar esta palha.— toquei meu cabelo ressecado. Pensei que poderia virar pó se o apertasse muito, de tão seco que estava.
— Vou preparar seu banho, senhorita. — disse ela, pegando o balde enorme.
— Obrigada, Madalena. —de repente, me lembrei. — Sabe aquele troço que os homens usam para se barbear?
— A senhorita se refere à navalha? — sua testa se enrugou.
— Isso! Preciso de uma. Pode me arrumar?
— Vou pegar uma do patrão. — a desconfiança em sua voz foi mal disfarçada.
— A colocarei na mesa de banho.
— Valeu, Madalena. Você é muito bacana! — e sai, para não ter que explicar o uso da navalha.

Minhas pernas e minha virilha estão bem, obrigada! — graças ao meu depilador elétrico — mas minhas axilas... Nunca consegui depilá-las com ele. Os pelos precisavam ter um certo comprimento e eu não suportava deixar qualquer pelo ali. Usava lâmina de barbear todos os dias. Assim que os pelinhos começavam a aparecer, coçava e irritava demais a pele delicada das axilas. E desde sábado, eu não
tinha uma gilete a mão. A situação estava crítica!

Me perdi no corredor — outra vez! — e acabei numa sala com alguns instrumentos. Lá estava o piano que Joe havia mencionado e uma grande harpa de madeira escura. Curiosa, passei delicadamente os dedos pelas cordas. O som saiu mais alto do que imaginei que sairia. Era um som agradável, ainda que não se parecesse com música. Vi muitas partituras sobre o piano — daquele sem cauda, que parece uma
escrivaninha quando está fechado, pena que eu não soubesse tocar! Um pouco de música me ajudaria a acalmar os nervos e colocar meus pensamentos em ordem. Voltei para o corredor e segui em frente até chegar à sala principal. Estava vazia. Elisa e Teodora não deviam ter voltado ainda. Não vi sinal algum de que Joe estaria por perto. Daquela sala, ficava mais fácil encontrar meu quarto, já tinha feito o percurso
várias vezes. A banheira já estava quase cheia quando cheguei. Esperei que os empregados terminassem de arrumar tudo e os agradeci fervorosamente Agora eu sabia o quanto custava tomar banho. Meus braços ainda doíam um pouco.

Depois de lavar os cabelos, peguei meu condicionador caseiro e espalhei a gosma esverdeada por todo o comprimento, exagerando um pouco. Caprichei principalmente nas pontas ressecadas. Enrolei os cabelos empapados num coque meio solto enquanto usava a navalha afiadíssima. Com muito cuidado, deslizei a lâmina sobre o local já ensaboado e uma pequena linha lisa apareceu. Redobrei o cuidado nas curvas,
não queria me machucar — principalmente porque não tinha certeza se o pronto-socorro já existia. Terminei de usar a lâmina e a coloquei de volta na mesa.

Encostei-me na banheira e deixei meus pensamentos voarem, enquanto esperava que o condicionador fizesse milagres no meu cabelo. Não tinha desistido ainda de resolver o mistério livro-Ian-Santiago-celular. Entretanto, não tive tempo de começar uma única linha de raciocínio, pois a porta de repente se escancarou, fazendo muito barulho e Joe irrompeu o quarto como um touro bravo.

— O que está fazendo? — perguntou, me procurando com os olhos por todo o cômodo. Quando me encontrou na banheira parou imediatamente.
— O que acha que estou fazendo? Estou tomando banho! — cobri os seios com as mãos, não conseguiria pegar a toalha sem me expor ainda mais.

Joe me encarou por um segundo, depois seus olhos desceram um pouco até onde estavam minhas mãos, sua boca se abriu e ele corou violentamente.

— O que você está fazendo aqui? — inquiri furiosa e constrangida ao mesmo tempo. Tentei me afundar mais na água esbranquiçada, mas não consegui descer muito.
— Eu... — ele olhava para os próprios pés agora o vermelho não havia deixado seu rosto. — A Senhora Madalena... Disse-me que a senhorita pediu uma navalha e eu pensei... Pensei que depois do que lhe fiz esta tarde... — seu constrangimento o impedia de falar claramente. Levei alguns segundos para entender sua quase-explicação.

Oh!

—Você pensou que eu tinha a intenção de... Me machucar só porque você me beijou?
—Bem... — ainda olhando para o chão. — Perdoe-me, senhorita Demetria. É que já ouvi falar sobre jovens que..
— Pois eu não sou desse tipo. Nem sou covarde! — se bem que naquela mesma tarde, eu agi como uma. — De toda forma, eu precisava da navalha para... assuntos particulares. E agora, se me der licença...
— C-claro, senhorita. — ele olhou rapidamente para meu rosto, voltou a olhar para o chão e depois de volta para mim. Seus olhos analisavam minha cabeça curiosamente. — Por que seu cabelo está verde?
Por puro reflexo, levantei a mão e toquei meu cabelo cheio de gosma verde.

Ai! Droga!

Com a confusão, acabei me esquecendo do condicionador. Claro que as heroínas dos meus romances, quando eram surpreendidas por seus... Amores, amantes, cachos, ficantes ou o que fosse, sempre estavam naturalmente deslumbrantes e gloriosamente vestidas. E lá estava eu, ensopada, nua e com o cabelo
verde e gosmento. Minha mão ainda estava em meu cabelo, quando vi Joe ruborizar ainda mais e arregalar os olhos, os baixando logo em seguida. Percebi que a parte do corpo que minha mão cobria até segundos antes estava totalmente exposta.

— Fora! — gritei ultrajada.

Ainda olhando para o chão, ele se inclinou e, sem dizer uma palavra, deixou meu quarto. Meu rosto ardia de humilhação. Porque sempre que era importante, eu acabava numa situação embaraçosa?
Terminei o banho, furiosa e mortificada. Não só havia beijado Joe, como depois chorado, fugido e agora ele havia me visto nua — realmente nua, não com as roupas que insistia que não cobriam nada — e, pra piorar, com o cabelo coberto de meleca verde.
Poderia ficar pior?

Descobri que sim, podia ficar pior!
Logo que cheguei à sala percebi que podia ficar muito pior.
 ----------------------------------------------
Hey meninas,oia eu de novo kkkk,Gente o baile ta proximo e nesse baile MUITAS coisas estão por vir,mais antes ainda tem MUITA CENA FOFA DE JEMI. 
Espero que estejam gostando da fic,deixem a opinião de voces suas lindas. Curtam,comentem,Kibem. 
Beijão,Nath

6 comentários:

  1. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK MORTA
    posta mais

    ResponderExcluir
  2. socorr hahsuahhaushhahassuhua posta mais

    ResponderExcluir
  3. cara to chorando aqui de rir hahahahaha to tentando imaginar a cena haha quando os dois vão se pegar de verdade hein?? posta logo :c

    ResponderExcluir
  4. Minha opinião e de que quero mais kk'
    Beijos~

    ResponderExcluir
  5. posta logo pleaseeeeeeeeeeee *--*

    ResponderExcluir
  6. Agora fiquei ansiosa para esse baile❤️ Estou curiosa para saber mais kkkkk ❤️ Perfeitoooo
    Posta logooo
    Beijos

    ResponderExcluir

Vamos comentaar?