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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Perdida #25

Elisa e Teodora conversavam animadamente sobre ele. Que educado! Que elegante! Uma lástima ter sofrido tamanha selvageria! Um cavalheiro tão distinto...

— Acredita que ele possa ser a pessoa que procurava? — sussurrou Joe, bem aomeu lado.
— Arrá! Você não ouviu? Ele também não sabe como voltar. Parece que se adaptou ao modo de vida daqui mais rápido que eu, mas acho que é ele. — sussurrei também. — Você viu como ele me olhou? Ele sabe que não sou daqui!
— Sim, eu vi como ele a olhou durante todo o jantar. — o tom de sua voz trazia uma pitada de alguma coisa. Tipo... Irritação.

— Você me leva até a vila amanhã bem cedo? Talvez sem a Teodora por perto eu consiga falar com ele e descobrir se ele pode me ajudar com alguma informação.
— Eu já havia lhe prometido isso.
— Valeu, Joe!
— Fico feliz em lhe ser útil. — mas seu rosto não parecia feliz.
— Joe?
— Sim? — e me olhou de um jeito que fez minha respiração voar.
— Obrigada, de verdade! Obrigada por tê-lo trazido aqui.
— Não me agradeça, senhorita. — e sorriu um pouco.
— Não tem ideia de como isso é importante para mim! — estava tão feliz por sua ajuda! Joe parecia ser um presente dos céus no meio daquele pesadelo!
— Eu sei que é importante. Por isso fui até a vila esta tarde. Depois que você me disse que talvez este cavalheiro pudesse ser o mesmo que procurava fui tentar descobrir alguma coisa e acabei o encontrando por acaso. — ele falava muito baixo, me aproximei um pouco para não perder nada. — Achei que seria mais prudente que se encontrassem aqui em casa do que em um quarto de pensão, não quero que você, senhorita, se exponha dessa maneira.

Olhei dentro de seus olhos completamente maravilhada!

—Você não queria que eu me encontrasse com ele sozinha? — e lutei para não sorrir.
— Acho extremamente inadequado que fique a sós com um total desconhecido. — seu rosto estava sério, os olhos opacos.
— Você é incrível, Joe! — A seu modo, tentava me proteger de um estranho do qual não tinha nenhuma informação, fiquei um pouco emocionada. — Você foi a melhor coisa que encontrei aqui, sabia?

Então seus lábios se abriram num sorriso de tirar o fôlego, seus olhos brilharam e achei que meu coração fosse parar de bater.

Oh-oh!

— E você foi a melhor coisa que encontrei em toda minha vida. — seus olhos queimaram nos meus, sua voz baixa e rouca me provocou arrepios, minha cabeça girava e meu coração acelerou o passo de tal forma que temi que pudesse saltar do peito.

Ah, não!Ah, não
Isso não pode estar acontecendo!
Não podia!

— Eu... Hã... Eu... — tentei dizer alguma coisa, qualquer coisa, mas não saiu nada.

Estava perplexa demais com a intensidade do que eu estava sentindo. Do que estava e que não deveria estar sentindo. Fiquei olhando dentro de seus olhos escuros, incapaz de desviar os meus. Senti uma força irresistível me puxar para ele.

— Eu... Preciso resolver algumas coisas. — ele disse, parecendo desnorteado também. — Resolver alguns assuntos.
— Tá. — ainda chocada pelos sentimentos que me assaltaram, não consegui pensar em mais nada para responder.

Minha cabeça girava, meu estômago cheio de pedras de gelo era o que parecia, minhas mãos suavam e eu queria muito, muito mesmo tocá-lo.

Ai, não!

— Boa noite, senhorita Demetria. — e, como na noite anterior, pegou minha mão e a beijou delicadamente, fazendo meu coração bater tão forte que achei que minhas costelas pudessem se partir ao meio.

— Boa noite. — tentei dizer, mas acabou saindo apenas um murmúrio.

Só algum tempo depois de Joe ter deixado a sala, consegui me recompor o suficiente para dizer que estava cansada e que queria dormir. Estava presa numa espécie de transe, minha mente não conseguia se concentrar em nada. Nada além do sorriso de Joe.

Como permiti que isso acontecesse? Por que não fui embora naquela manhã em que discutimos? Por quê?

Eu não podia me apaixonar por ele, por razões que eu conhecia bem. Como eu poderia me apaixonar se logo iria embora e nunca mais o veria? E eu iria embora, de uma forma ou de outra. Como permiti que a enrascada na qual me meti aumentasse ainda mais?Joe era diferente dos caras que eu conhecia, sempre tão educado e atencioso. Mas assim eram todos os homens daquele século. Alguma coisa naqueles olhos escuros me fizeram confiar nele, aceitar sua ajuda, querer falar com ele e... querer tocá-lo de forma nada educada! Um tremendo erro! Um erro que depois me machucaria muito.

Precisaria ser cuidadosa e evitar ficar sozinha com Joe. E precisaria, acima de tudo, manter minhas mãos bem longe dele!

Nesse momento, meu celular vibrou, só então me dei conta de que já estava em meu quarto. Por um breve segundo, me perguntei como aquilo funcionava. Como ainda tinha bateria, como captava o sinal, como funcionava apenas para receber — mensagens ou ligação — e nunca para o meu uso? Apertei a tela e lá estava outra mensagem. Dessa vez, não me assustei tanto.

Fase um: completa.

Fiquei confusa. Imaginei que a mensagem seria enviada quando eu tivesse acertado o alvo, me guiando para o caminho certo. Tipo tá frio, agora tá quente, quente, quente, pelando... Mas eu estive na vila pela manhã e a mensagem só chegou no final da noite.

Eu não sabia o que pensar. Só sabia que tinha dado um passo na direção de casa. Havia feito alguma coisa certa e que logo voltaria.Uma sensação muito desagradável na boca do estômago me atingiu. Não pensei
mais nisso. Fui para a cama, ainda atordoada, e tentei muito não pensar em Joe. Acordei cedo outra vez e percebi por quê isso estava se repetindo todas as  manhãs desde que cheguei ali. Havia muito barulho. Os malditos pássaros não calavam  a boca!  Eu já estava habituada aos barulhos de pneu freando bruscamente, buzina, o zum-zum-zum das pessoas e todo tipo de som que entrava pela janela do meu  apartamento, mas ali, aquele delicado cantarolar dos pássaros acabava me acordando  simplesmente por não estar habituada a ele.

Como havia prometido, Joe já estava pronto para me levar até a vila quando o encontrei na mesa do café. Fui informada que Elisa e Teodora já haviam se levantado e saído. Teodora tinha ido até sua casa avisar a família sobre o assalto. Fiquei com pena  dela por um momento. Ela estava realmente assustada e eu sabia bem que não havia  motivo algum para isso. 

— Como lhe prometi ontem, já estou pronto, mas minha irmã e Teodora usaram  a carruagem, então, se não quiser ir até a vila a cavalo, teremos que esperar que elas retornem. 
— Não! Santiago disse que vai viajar esta tarde, eu tenho que encontrá-lo antes  disso! Se você não me deixar cair, não vejo problema. 

Ele sorriu. 
— Eu jamais a deixaria cair. Estará segura em meus braços. — Joe se curvou e saiu, provavelmente para preparar o cavalo. 

Só então percebi que a viagem seria mais íntima que na carruagem. Lembrei-me com clareza de quando nos conhecemos e ele me levou até sua casa em seu cavalo. A proximidade de seu corpo me perturbou muito, e agora eu viveria a mesma experiência, numa viagem mais longa, e entendia um pouco melhor as sensações perturbadoras que Joe me causava. 

Pensei que não seria capaz de voltar a respirar outra vez. 

Encontrei Joe na porta da casa com o cavalo marrom claro selado e pronto. Ele me ajudou a subir, mas, ainda assim, fiquei com medo de cair. Joe habilmente montou no cavalo e passou um dos braços seguramente em minha cintura. Concentrei-me apenas em respirar e olhar para frente.  Já estávamos na estrada quando ele resolveu falar. 

— Creio que não esteja habituada a passeios como este. 
— Acertou em cheio. 
— Sabe, senhorita, estou cada vez mais curioso a seu respeito. 

Eu não disse nada, apenas olhava para frente temendo cair de cara no chão. 

— Estou fascinado com sua determinação. — ele continuou. 
— Determinação. — zombei. — Acho que a palavra certa pra isso é teimosia! 

Ele riu, muito próximo do meu pescoço. Estremeci. 

— É uma boa palavra, lhe asseguro. — disse ele. 

Tentei me distrair dos tremores e arrepios observando a paisagem. De alguma forma, as pequenas montanhas me eram familiares. Eu tinha a impressão de que não havia sido transportada para um lugar diferente, apenas para um tempo diferente. Mas não dava para ter certeza, não sem as favelas e os bairros, as ruas ou os prédios sobre aquelas terras. 
Joe pareceu muito satisfeito quando me desceu do cavalo ao chegarmos à vila. Quase presunçoso até. Um sorriso teimava em não deixar seus lábios. Não perguntei o motivo, não tinha certeza se gostaria saber o que o deixara tão feliz. 

— Aonde pretende ir agora? — ele perguntou. 
— Sei lá. Que tal irmos até a pensão? Deve ser o lugar mais provável para encontrá-lo
Joe assentiu e me ofereceu seu braço. Eu o peguei sem reclamar, sabia que ele insistiria até que eu aceitasse. Partimos em direção a pensão, mas não foi necessário irmos até ela. Santiago, com seu inconfundível rabo de cavalo, estava parado na calçada estreita em frente ao boticário, totalmente distraído, observando algo em suas mãos. Quando nos aproximamos mais, na luz fraca da manhã, o objeto brilhou como um 
espelho. 
— Senhor Santiago. — chamou Joe. 

Santiago rapidamente guardou o objeto em seu bolso, me impedindo de vê-lo com clareza, mas, pelo formato retangular e a cor prateada SUPUS que eu já sabia do que se tratava. Eu sorri. 

— Senhor Clarke, senhorita. Bom dia. — exclamou surpreso. —Não imaginei que eu teria o prazer de revê-los tão cedo. 
— Viemos para um passeio matinal. A senhorita Demetria queria conhecer a vila  enquanto ainda está aqui. Creio que já sabe que ela também não é daqui. — Joe disse. 
— Eu notei. — Santiago me olhou de um jeito estranho. — Parece que temos algo em comum, senhorita. 
— Acho que temos muito em comum. — e o observei atentamente. 

Ele sorriu, e seu rosto se tornou divertido. 

— Certamente. 
— Então... você vai até a cidade hoje? Pra poder voltar pra casa?— perguntei apressada. 
— Sim. Preciso chegar lá antes do entardecer. — seus olhos ficaram opacos. 

Antes do entardecer? 

— Por que? 
— É um pouco complexo. Uma longa história. Talvez no sábado eu possa lhe dar mais detalhes. — e arqueou uma sobrancelha. 
— Não pode me dizer agora? — percebi que Santiago sabia muito mais sobre o que estava acontecendo que eu. 
— Sinto muito, mas não posso. É importante que eu não faça alarde. — ele piscou. 

Joe pigarreou ao meu lado. 

Ah! Ela devia ter dito a ele para não contar a ninguém, assim como pediu para  mim

— Entendi. Sábado então! — eu disse, enfaticamente 

Santiago assentiu. 

— Então, se puderem me perdoar, preciso fazer os preparativos para minha partida. 
— Certamente. — Joe disse com indiferença. 

Estranhei a maneira fria com que Joe respondeu a ele. Eu nunca vi Joe ser rude com ninguém, O que havia de errado com ele? 

— Então, te vejo no sábado. — eu disse, sorrindo amistosamente, tentando distraí-lo da cara de poucos amigos de Joe. 
—Até! — Santiago se curvou e saiu apressado em direção à pensão. 
— O que foi, Joe? — perguntei assim que Santiago estava longe o bastante para não ouvir. 
— Nada. — resmungou de cara amarrada. 
— Não parece nada. Por que está irritado comigo? 
— Não estou irritado com você. — ele começou a me induzir de volta para o cavalo. 

Andamos em silêncio por um tempo. 

— Está irritado com Santiago então? — tentei fazê-lo me contar o que o incomodava. 

Joe hesitou e pareceu relutante ao dizer: 

— Não gosto da maneira como ele olha para você! 

Tentei engolir. Era esse tipo de coisa que eu queria evitar: eu me envolver com Joe era uma coisa, ele se envolver comigo era outra completamente diferente. 

— Ah! — foi minha resposta brilhante. 
Joe ficou calado até quase a metade do caminho. Pensei que ainda estivesse furioso, mas, quando voltou a falar, sua voz estava mais tranquila. 
— O que pretende fazer agora? 
— Acho que nada. Vou esperar que Santiago volte e me diga se descobriu  alguma coisa. — eu tinha quase certeza de que de saberia como voltar no sábado. 

Quase. Apenas sua maneira tão educada ainda me deixava encucada.
Andei pensando muito no que estava acontecendo. E cheguei à brilhante conclusão de que a coisa não estava na vila. Ela disse que me guiaria, então imaginei que as mensagens tivessem esse propósito. Recebi uma quando voltei da vila e uma na noite anterior, depois do jantar. Ficaria atenta quando recebesse a próxima, descobriria o que elas teriam em comum para finalmente identificar meu Santo Graal. 

— Então, parece que teremos mais alguns dias. — seu braço se estreitou em minha cintura. Eu estremeci com o calor que emanava dele. 
— Ainda posso quebrar seu nariz em dois tempos, lembra? — ameacei fraquinho, mas a ameaça quase se tornou um apelo. 

Ele riu. 

— Posso apostar que pode! — acelerou o cavalo. Fui obrigada a deixar que seu corpo colasse ao meu ainda mais, enquanto cavalgávamos de volta pra casa. 

Elisa e Teodora ainda não havia retornado. E, depois do almoço, imaginei que ainda demorariam bastante, pois Madalena me contou que sempre Elisa ia até a casa da amiga, não voltava antes do anoitecer. Então, percebi que eu e Joe ficaríamos sozinhos o resto do dia naquela casa. 

— Será que estaria disposta a caminhar um pouco, senhorita Demetria? — perguntou ele. 
— Para onde vamos? 
— Na verdade, a lugar algum, quero que conheça minha propriedade. Não se assuste, não é tão grande assim, não vai se cansar. E estou certo de que gostara do 
passeio. 
—Tudo bem. Eu já estou de tênis mesmo, — e ri. 

Joe riu, mas tive a impressão que não foi da minha piada horrível. 

A propriedade como ele chama — pra mim, parecia uma fazenda era muito bonita. Joe me levou por caminhos que eu não conhecia ainda — se bem que o único que eu conhecia até então era o caminho para o estábulo —, fiquei encantada que pudesse existir um mundo como aquele. Tudo parecia intocado, a natureza era exatamente como deveria ser: colorida e cheia de vida, repleta de pequenos animais, que no começo me assustaram. Até o vento parecia diferente, cantava uma suave canção em meus ouvidos, e o ar puro chegava a ser inebriante para meus pulmões acostumado com tanta poluição. Talvez meu corpo estivesse reagindo de forma estranha nos últimos dias por causa disso: tanto ar puro devia fazer mal!


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Heeeeeeeey meninas,que calor é esse hein?! kkk
Então espero que tenham gostado do capitulo minhas lindas,Joe com ciumes é tão fofo ne? kkkk Esse Baile vai ser o pipoco,grandes coisas estão por vir antes e depois do baile,teremos grandes emoções meninas,e deixarei aqui um desafio pra voces,alias mais um ne? Porque os de ontem vocês cumpriram todos ,suas gatonaaaas. Aaaah,e o desafio eu vou deixar pra nooite ook? Comentem,curtam,kibem,deixem a opinião de vocês.
Beijooos,Nath 

6 comentários:

  1. CARA QUE CAPITULO PERFEITOOOOOOOOOOOOOOO POSTA MAIS CRIATURA

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  2. genteeeee socorro o joe ta apaixonado por ela <3333333

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  3. CARAI O JOE COM CIUMES HASHUAHSGHAUHA
    ELE QUER TIRAR UMA CASQUINHA DELA QUE EU SEI HASUSUAHAUA POSTA LOGO

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  4. mds que cap perfeito *-* vc pode postar mais um hj????

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  5. Ai que perfeitoooo
    Esses dois ❤️❤️❤️
    Amando aqui u.u
    Posta logoo
    Beijos

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