estar lá dentro — não era! —, mas eu precisava pensar no significado daquela mensagem.
De alguma forma, eu havia acertado o alvo, sem nem ao menos vê-lo. Então, talvez eu estivesse certa, havia mais alguém ali. Ou a coisa que eu tinha que encontrar estava na vila. De toda forma, eu estava no caminho certo. Tinha que ser isso, porque a única coisa que eu havia feito naquele dia foi ir até a vila e brigar com o Joe, mas isso, com certeza — a briga —, não tinha relevância alguma, já que não me levaria de volta para casa.
Respirei fundo — não foi uma boa ideia, tendo em vista onde eu me encontrava — e sai da casinha. Encontrei Joe me esperando nas escadas em frente à casa. O rosto preocupado.
— Está tudo bem, senhorita Demetria?? Precisa de alguma coisa? Quer que eu chame o médico? — ele disse, correndo com as palavras.
— Por que eu iria precisar de um médico? — só por que tinha saído correndo e me trancado na... Oh! — Não, não. Eu tô bem. Tudo em ordem. Não preciso de nada, não.
Ele concordou com a cabeça, me observando atentamente. Não pareceu muito convencido que eu estivesse realmente bem. E eu não podia culpá-lo, meu rosto devia estar branco feito um papel. Ainda estava assustada com o novo contato
— Então, Vamos entrar. Elisa já deve estar de volta. — Joe indicou a porta para que eu entrasse.
Encontramos Elisa e Teodora na sala de artes. Elisa pintava um tecido e Teodora não fazia nada além de caminhar entediada pela sala. Aproximei-me um pouco para ver melhor o desenho de Elisa. Flores de todos os tamanhos e cores. Era muito bom!
—É lindo, Elisa! Você é muito talentosa! — exclamei, incapaz de conter minha admiração.
— Obrigada, senhorita Demetria. Mas eu apenas desenho razoavelmente bem. O artista da família é meu irmão. — ela me mostrou as adoráveis covinhas
— É mesmo? — perguntei surpresa. Não que não achasse Joe capaz de fazer tal coisa, com seu modo gentil e educado, só que suas mãos, e todo o resto, eram muito grandes. Pelo menos onde se podia ver...
— Não é de todo verdade. Elisa me enaltece demais. — Joe falou sem jeito.
— Você pinta? De verdade? Tipo quadros? — inquiri, me aproximando dele.
— Sim, eu pinto... Tipo quadros. É apenas um passatempo, aliás. Nem todos os dias são tão tumultuados por aqui. — apenas uma sobrancelha se ergueu. Um convite a contradizê-lo. Não o fiz. Estava curiosa demais.
— Posso ver algum? — seriam os que estavam pendurados por toda casa? Por que eram muito bonitos.
— Basta olhar em volta, senhorita Demetria, — disse Teodora, com a voz afetada. — Todos estes quadros foram feitos pelo Senhor Clarke. Ele é um grande pintor. Mas nunca permite que estranhos vejam suas obras. Ele é muito modesto!
Joe disse alguma coisa a ela, mas não prestei atenção. Estava maravilhada demais com suas telas. Mal pude conter a excitação, não sabia para qual deles olhar primeiro. Havia muitos quadros, uns dez ou doze, de tamanhos variados: uma casinha na montanha, paisagens naturais ao pôr-do-sol, um cachorro marrom, que parecia muito dócil no quadro, apesar de seu tamanho... Diversos quadros, todos muito bonitos e extremamente reais. Aproximei-me de um deles, um dos maiores, de um realismo impressionante. Um cavalo negro empinando contra a paisagem rural ao entardecer. Mas o que chamou minha atenção foram os detalhes da tela. Dava pra ver na expressão do animal toda sua fúria, toda sua teimosia, sua altivez. Aquele cavalo não se deixaria ser domado. Selvagem, foi a palavra que pensei para expressá-lo. Estiquei meu braço timidamente, querendo acariciar seu dorso pra ter certeza se o pelo brilhante e liso era tão macio quanto parecia. Entretanto, não toquei a tela; acompanhei os contornos das costas até chegar aos quadris do animal.
—Você desenhou isso? — sussurrei
Joe me ouviu. Deixou sua irmã na companhia de Teodora e veio se colocar ao meu lado.
— Pintei este quadro há algum tempo. Comprei este cavalo quando meu antigo adoeceu. Pretendia que fosse minha montaria, mas nunca consegui domá-lo. —exatamente como o quadro demonstrava. — Tentei diversos treinadores, mas esse bicho é muito arredio! Acabei desistindo e comprei um outro mais dócil.
— O que fez com ele? — eu não conseguia desviar os olhos do cavalo.
— Nada. Ele está em meu estábulo, junto com os demais. Não pude vendê-lo. Tem alguma coisa nele... Ele é diferente! Resolvi pintá-lo da forma como eu o via. Talvez tenha exagerado.
— Você fez um trabalho e tanto, Joe. — discordei. — Parece tão real! Quase sinto o calor transbordando dele. Você é um artista! É o primeiro que eu conheço pessoalmente.
— Obrigado, senhorita. Mas não mereço elogios. Apenas tive bons professores.
Tirei os olhos do quadro e o encarei, minha expressão séria.
— Ah! Não mesmo! Eu tive bons professores. E nem ao menos sei desenhar um pônei! — a não ser que alguns riscos, duas bola e dois triângulos pudessem ser considerado um cavalo expressionista. — Você é talentoso. Muito talentoso! Não discuta isso comigo!
— Está bem, — e sorriu. — Então apenas agradeço tão adorável elogio.
Desviei os olhos para os outros quadros. Todos tão diferentes uns dos outros,mas com algo em comum.
— Você não retrata pessoas. — constatei.
— Eu não ach...
— O Senhor Clarke não gosta de retratar pessoas. — interrompeu Teodora. — Diz que não tem habilidade para traços tão delicados, não é mesmo, Senhor Clarke?
— Sim, senhorita Teodora. Eu não gosto de retratar pessoas. Não acho que seja capaz de capturar a essência da pessoa retratada, o que seria imperdoável de minha parte. — ele parecia convencido de sua incapacidade.
Olhei de volta para o cavalo na tela.
— Não acredito nisso! Se você conseguiu captar a essência daquele cavalo, pode pintar qualquer pessoa que quiser. — pensei um pouco e depois completei. — Será que você não pinta pessoas porque talvez tenha medo de que elas não gostem de se ver na visão de um artista tão sensível?
Ele não me respondeu, apenas me encarou por um tempo. Pela expressão de seu rosto, pensei ter chegado bem perto. Então, Teodora cansada de não ser o centro da conversa de não ser incluída nela, resolveu exigir a atenção do seu querido Senhor Clarke.
— Senhor Clarke, Elisa e eu conversávamos há pouco sobre o baile de sábado. — ela se levantou para se aproximar mais dele. — Oh, meu caro, será o baile mais importante deste ano. Toda a sociedade estará presente. Estou tão ansiosa que mal posso esperar!
— Bem lembrado, senhorita Teodora. Os seus planos ainda são os mesmos para sábado, Elisa? Encontrei-me com a senhorita Valentina hoje de manhã e ela me perguntou sobre o baile.
— Claro que não mudei de ideia. Ainda mais agora que a senhorita Demetria está aqui conosco! — ela sorriu pra mim. Eu estava gostando cada vez mais de Elisa. — Será um prazer poder apresentá-la a nossos amigos, irmão. Ela causará boa impressão a todos, tenho certeza. Ainda que precise usar um dos meus vestidos. Acredito que a Senhora Madalena poderá acertar o comprimento, mas nossos conhecidos certamente reconhecerão.
— Olha só, Elisa, valeu mesmo pela preocupação. — suas sobrancelhas arquearam da mesma forma que as de Teodora. Dessa vez, as de Joe não. — Mas talvez eu nem esteja aqui no sábado. Talvez já tenha voltado pra casa.
E eu esperava já estar em casa até lá. Seu Carlos soltaria fogo pelas ventas se eu não aparecesse no escritório a semana toda sem dar explicação alguma.
— Pensei que ainda não tivesse nenhuma informação de como fazer isso. — Joe disse, incisivo. — Pensei que as buscas de hoje não tivessem dado bons resultados. Pensei que tínhamos feito um acordo hoje de manhã e que passaria um pouco mais de tempo aqui conosco.
Fiquei ligeiramente confusa com seu tom ríspido. Joe não costumava — pelo menos desde que o conheci, que no caso era pouco mais de vinte e quatro horas — ser tão rude com as pessoas.
— Mas eu não prometi nada, lembra? Disse que veria isso depois. E eu não tenho nenhuma informação, — não era uma informação, apenas uma confirmação de que estava no caminho certo. — Só que eu realmente preciso voltar. Toda minha vida está de pernas pro ar. Eu nem sei o que me espera quando chegar lá. Talvez tenha que entrar na fila do desemprego.
— Por favor, senhorita Demetria. — implorou Elisa, seu rostinho triste, os olhos suplicantes. — Não pode ficar ao menos até o baile? Eu ficaria tão feliz se pudesse lhe apresentar ao nossos amigos! Tenho certeza de que terá uma noite muito agradável. Quem sabe não arranja um pretendente!
Ah! Era só o que me faltava! Arrumar um pretendente, Daí sim minha vida estaria perfeita!
— Elisa, eu não posso prometer. Eu até gostaria de ir ao baile e ver como as coisas são... por aqui. Mas eu nem sei direito como cheguei aqui e não tenho ideia de como ou quando vou voltar, então... — parei quando vi seu rosto ficar ainda mais triste. Mas o que eu podia fazer? Não dava pra prometer, e eu não queria acabar mentindo para ela.
Elisa me encarava com olhos enormes e brilhantes, como um cachorrinho com fome. Argh!
— Tudo bem, Elisa. Você ficará satisfeita se eu disser que me esforçarei muito para estar aqui no sábado? — perguntei derrotada.
— Muito satisfeita! — seu rosto triste rapidamente se iluminou, ficou radiante.
— Então, Joe, ela vai precisar de um vestido de baile. — correu para o irmão, agarrando-o pelo braço — Não dá pra a pobrezinha passar toda a sua estadia aquiusando aquele meu vestido velho e curto. Veja que nem chega a cobrir seus tornozelos! O que nossos conhecidos vão pensar quando souberem que a pobre senhorita Demetria teve todos os seus pertences roubados e nós nem ao menos lhe arrumamos roupas decentes para vestir?
Seu rosto voltou a ficar suplicante. Ela era tão convincente. Até eu fiquei com pena. Pobre senhorita Demetria! Coitadinha!
— Eu não fui assaltada. — objetei, mas ninguém me deu ouvidos.
— Vou amanhã até o atelier de costura para encomendar meu vestido de baile. Talvez pudesse encomendar um para ela também. — ela continuou, os enormes olhos azuis transbordando tristeza.
— É uma excelente ideia, Elisa. Não havia pensado no assunto. Acho que fui muito relapso quanto a isso. — Joe respondeu e depois voltou os olhos para meu vestido. — Veja madame Georgette tem alguns vestidos já prontos para a senhorita Demetria, você tem razão, ela não pode continuar com este vestido curto.
Curto? Não tinha um pedaço de pele que não estivesse queimando por causa de todo aquele tecido! Quase ri pensando na cara deles se me vissem com o vestido que usei na festa de aniversário da Marisa. Era preto, muito justo e escandalosamente curto. Talvez tivessem um ataque.
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Hey meninas,tudo bem? Bem,continua meio pra baixo,to com uns problemas no relacionamento,mais ta aqui o nosso amado capitulo,a maratona ta acabando,mais eu resolvi estender ela um pouco mais,espero que voces fiquem felizes com isso,bom meninas é so isso por hoje,curtam o FDS,com JUIZO oook?
Beijão,Nath
Curto? ta bom kkkkkkkkk
ResponderExcluirposta mais
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ResponderExcluirQue capítulo lindo
ResponderExcluirPosta logooooo
Beijosss