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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Perdida #15

Sorri para ele, encantada por sua bondade. Valentina, porém, não sorriu. Seus olhos faiscaram.

Oh! Ela gostava dele! Meu sorriso desapareceu.


— Eu sei, Jo... Senhor Clarke. E agradeço a sua hospitalidade. — murmurei sem jeito.

Um momento de silêncio constrangedor se seguiu, ninguém disse nada. Eu comecei a ficar inquieta. Estava perdendo tempo.

— Senhorita Valentina. — comecei com cautela. — Por acaso, não teria visto alguém... Novo por aqui?
— Alguém novo? Aqui? — ela pareceu espantada. —Não. Ninguém novo na vila, além de você, senhorita Demetria.

Talvez ela não soubesse ainda. Assim como não sabia da minha chegada até alguns minutos atrás. Suspirei desanimada. Obviamente, não seria assim tão fácil encontrar a outra alma condenada àquele hospício cheio de regras de etiqueta!

— Bem, senhorita Valentina, — Joe disse, parecendo entender que eu queria continuar procurando. — Se nos der licença, eu e...
— Oh! Claro, Senhor Clarke, não quero interromper seus afazeres, mas posso perguntar se o baile de sábado está confirmado?

Joe olhou pra mim e depois para ela, parecendo indeciso.

— Eu havia me esquecido. Mas acredito que Elisa não tenha mudado de ideia. Até onde fui informado, o baile acontecerá no próximo sábado.
— Excelente! — ela disse, quicando e batendo palmas. — Estou muito ansiosa para o baile. Os bailes em sua residência são os melhores da região.
— Fico feliz que lhe agrade, senhorita. — e sorriu.

Pudera ela gostar dele! Cheio de sorrisos e bailes para agradá-la!

— Eu vou... perguntar por aí, Joe. Eu quero resolver isso logo. — notei que o sorriso de Valentina se fora quando sem pensar o chamei pelo nome. — Te vejo depois. Foi um prazer conhecer vocês duas. Até logo!

Sai andando, sem saber bem para onde ir. Estava irritada com aquela garota que se parecia com uma boneca de porcelana e que piscava sem parar. Ouvi Joe se despedir apressadamente.

— Você podia ficar batendo papo com elas enquanto eu procuro. Não precisa ficar me seguindo pra todo lado. — avisei assim que ele me alcançou.
— Não estou seguindo! Estou te acompanhando. Por que está irritada? — ele tentou pegar minha mão para colocar em seu braço e eu a puxei com força. — Foi pelo que disse a senhorita Valentina, sobre não haver ninguém de fora da vila?
— Foi! — menti. Mas eu não sabia dizer por que não havia gostado daquela fulana ou por que ela me irritou tanto. Talvez fosse TPM adiantada. Quem sabe os efeitos que uma viagem no tempo pode causar no ciclo menstrual de uma garota!
— Não se preocupe. Se mais alguém estiver aqui, vamos encontrá-lo. — ele disse, confiante.
— Eu espero que sim, Joe. — eu ainda estava um pouco irritada. — Espero que esteja certo.

Minha cabeça estava ficando cada vez mais confusa. Tudo ali era confuso. E, cada vez mais, eu não conseguia entender minhas reações exageradas.Andamos quase a manhã toda, perguntando a todos os conhecidos de Joe. Entretanto, não foram muitos. A maioria ainda estava na igreja. Não, ninguém novo na
vila, era a resposta de todos. Paramos para conversar com algumas garotas sorridentes e enfeitadas, que
lançavam olhares meigos para Joe e de fúria para mim. Teodora não mentiu quando disse que Joe tinha muitas pretendentes. Distraí-me diversas vezes com as fachadas rústicas do comércio e das casas e
com as maneiras das pessoas. Tudo parecia parte de um cenário gigante de um filme. Não conseguimos perguntar aos comerciantes. Era domingo, tudo estava fechado, apenas uma carroça vendia frutas e galinhas vivas.
— Talvez fosse melhor procurarmos amanhã. — Joe sugeriu, depois de algumas horas de andança.
— É — concordei desanimada. — Acho que dará mais tempo para notarem se alguém diferente apareceu por aqui.
— Podemos ir, então? Estou com um pouco de fome. Não consegui terminar meu café. — ele disse brincalhão.

Eu corei.

— Me desculpe, Joe. Não sei o que deu em mim naquela hora. É que eu estou numa situação meio... Difícil. Desculpe, de verdade.
— Não se preocupe senhorita. Já me esqueci do incidente. Vamos?
— Vamos. — concordei, aceitando seu braço sem relutância

Andamos em direção à carruagem e, dessa vez, ele se adiantou para abrir a portaantes que eu pudesse fazê-lo.
— Valeu. — agradecia aceitando sua mão como apoio para entrar nela.
— Direto para casa, Isaac. — ordenou ao rapaz que conduzia a carruagem.

Ficamos em silêncio por um tempo.

— O que achou da vila, senhorita Demetria?
— Pensei ter ouvido você prometer me chamar apenas de Demi. — lembrei a ele.
— Eu sei, mas não me parece muito educado!
— É irritante esse negócio de senhorita, Senhor Clarke. — brinquei com ele.

Seus lábios se abriram num sorriso enorme. Então, me lembrei

— Você tem muitas fãs por aqui. — tentei fazer minha voz soar indiferente.
— Perdoe-me, senhorita, tenho o que?
— Muitas fãs. Muitas garotas atrás de você. Muitas pretendentes. — foi impossível não notar seu constrangimento.

Ele corou. Pareceu não gostar que eu tivesse notado que era um ímã para garotas.

— São apenas amigas da família. — disse claramente desconfortável.
— Valentina parece gostar muito de você. — insisti.
— A senhorita Valentina e eu nos conhecemos desde a infância. Nossos pais sempre foram amigos. Mas não há nenhum interesse romântico envolvido. — sua vozestava baixa, assim como sua cabeça.
— Talvez não de sua parte. Você viu como ela me olhou? Pensei que fosse me comer viva!

Joe apoiou um braço no joelho e se virou para me encarar meio sorrindo.

— Isso é culpa sua, não minha! Creio que todos a olhavam. Não me lembro de alguma vez ter visto uma jovem sair de casa sem cobrir seus cabelos com um chapéu.

Hã?

— Uma dama jamais mostra seus cabelos soltos, assim como estão os seus agora, em público. — ele explicou, quando viu a confusão estampada no meu rosto.
— E você não pensou em me avisar sobre isso antes? — Lancei um olhar severo em sua direção.
— Depois de seu comportamento tempestuoso durante o café? — deu de ombros. — Nem que eu fosse louco! — e riu.

Fiquei observando seu rosto, completamente fascinada. Joe era lindo demais. Seus cabelos negros e encorpados caiam na testa fazendo um contraste perfeito com apele clara. Seus olhos, pretos como carvão, de alguma forma refletiam raios castanhos. Suas bochechas esticadas sobre os ossos do rosto e seu queixo o deixavam com um aspecto ainda mais másculo. Tudo isso sustentado por um corpo que faria qualquer garota perder o juízo. Poderia facilmente ganhar a vida como modelo. Percebi que Joe também me observava e, depois de nos encararmos por alguns segundos, me virei para a janela. De algum modo, seu olhar me perturbava e eu não conseguia encontrar uma explicação para isso. Ficamos em silêncio o restante da viagem. Às vezes, sentia seus olhos em mim, mas não me virei pra ter certeza. Não queria arrumar mais confusão e tinha certeza que olhar muito para Joe me colocaria numa tremenda confusão. Ele me ajudou a sair da carruagem assim que chegamos a sua casa. Ainda segurava a mão que ele me estendeu quando ouvi um barulho.

BSS. BSS. BSS.

Joe também ouviu.

— Escutou isso? — ele perguntou, procurando em volta.

Eu sabia o que era. Sabia muito bem!

— Não, não ouvi nada. — respondi rapidamente. — Eu... Eu... Preciso usar a casinha! Te encontro lá dentro, está bem?

Tentei sair correndo, mas a barra do vestido idiota enroscou numa planta. Praguejei alto, me abaixando para juntar toda a saia nas mãos, deixando meus joelhos e panturrilhas à mostra e disparei para a casinha. Não olhei para ver qual foi a reação de Joe . Entrei rapidamente tentando fechar o trinco da porta com as mãos trêmulas. 

Peguei o celular. A tela estava acesa, você tem 1 nova mensagem escrito nela.
Toquei a tela com o dedo. Ler agora? Apertei o SIM

"Muito bem, Demetria. Você iniciou sua jornada com sucesso."

Depois piscou e voltou a desligar
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Hey gente,tudo bem,mais um capitulo da maratona,eu não to muito animada hoje,então não vou falar muito,e então,espero que voces gostem,deixem a opinião de vocês ta? Se cuidem,ate amanha
um beijão da tia Nath

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