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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Perdida #34

— Obrigada por lembrar. Agora, vire-se para que eu possa me vestir.

 Ele fez o que eu pedi e se calou. Vesti minhas roupas mesmo ainda estando muito molhada. Não me importei. Passei o pano nos cabelos e os desembaracei com os dedos. Juntei minhas coisas na beira no rio.
— Desculpe-me, senhorita, eu não tinha a intenção de ofendê-la. — disse ele,
ainda de costas.
—Tudo bem. — retruquei, sentindo exatamente o oposto. Caminhei até ele e atirei minhas coisas com pouco cuidado. — Já que está aqui, então seja útil, pelo menos.

Joe me deixava muito perturbada, às vezes, eu queria beijá-lo e nunca mais parar e às vezes, queria esganá-lo!

Seus olhos arregalados me examinaram minuciosamente.

— Por que não está vestida?

—Mas eu estou vestida, — abri os braços para que visse
— Não está, não? Coloque o vestido de volta. — ele ordenou. — Não quero que algum moleque mal intencionado te veja vestida dessa forma. — tirou o vestido da pilha que eu havia lhe entregado e o estendeu para que eu o pegasse.
— Eu. Estou. Vestida! Além do mais, tenho certeza de se você me viu da estrada, sabe muito bem diferenciar quando estou nua e quando estou vestida, não sabe?

Ele corou, confirmando minhas suspeitas. Respirei fundo e comecei a andar. Brinquei com o cavalo quando passei por ele. Joe me seguiu.

—Não quero que ninguém a veja vestida assim. Por favor, senhorita? — ele me estendeu o vestido outra vez, seu rosto suplicante.
— Não se preocupe, Joe. Assim que eu entrar em casa, colocarei um vestido limpo. Não o trouxe porque achei que acabaria cheio de lama, já que se arrasta no chão.Não precisa ficar preocupado, não vou envergonhá-lo! — assegurei a ele.

Ele sacudiu a cabeça.

— Não é com isso que estou preocupado. Só não quero que outro homem... — ele parou, parecia que iria sufocar se não dissesse as palavras.
— O que? — incitei.
— Não quero que outro homem possa vê-la usando estas roupas. Elas deixam muito pouco para a imaginação! — falou, olhando para os próprios pés.
— Você não quer... — lentamente, meu cérebro juntou suas palavras e as associou de forma engraçada. — Você está com ciúmes?
— Na verdade, estou sim. — a voz baixa e acanhada deixou ainda mais irresistível. — Creio que já sabe que eu a estimo muito.

Mesmo sabendo que era errado de muitas formas, não pude deixar de sorrir. Aproximei-me dele com cautela, pronta para fugir caso seus braços começassem a me rodear e beijei sua bochecha delicadamente.

— Também gosto de você, Joe.

E assim como eu sabia que faria, seus braços encontraram o caminho em minha cintura, mas dessa vez fui mais rápida e disparei correndo para a casa. No entanto, depois de ter corrido apenas alguns metros, me virei para vê-lo, ainda parado no mesmo lugar, feito uma estaca. Seu rosto desconcertado.

— Você nem faz ideia do quanto! — eu disse, sem conseguir me conter.

Ele sorriu em resposta, recomeçou a andar e eu me pus a correr outra vez Assim que me vesti adequadamente voei para a cozinha. Estava com muita fome e pensei que talvez Joe  pudesse estar na sala de jantar. Não queria me encontrar com ele. Meu coração agia sem controle quando ele estava por perto, o que não era bom — racionalmente. Encontrei Madalena com a barriga colada no fogão de lenha
preparando alguma coisa com o cheiro muito bom.

— Vou querer um pouco disso. — disse, para anunciar minha presença.
— Oh! Bom dia, senhorita Demi. Como foi seu passeio ontem? — perguntou ela, sorrindo.
— Foi muito legal. Posso comer alguma coisa? Estou com fome.
 — Claro que sim. Levarei seu café em um minuto. Pode esperar na sala...
— Não posso comer aqui? — a interrompi. Sua testa se enrugou.
— Aqui?
— Tem algum problema? Não quero metê-la em encrenca.
— Problema? Não, senhorita. Claro que não tem problema. Mas é que os patrões não comem aqui. — explicou.
— Ótimo, então! Eu não sou patroa de ninguém mesmo! — eu ri e puxei a cadeira, pegando um pedaço do bolo que estava num prato grande sobre a mesa. — Humm! — murmurei com a boca cheia de bolo.

Madalena me passou uma xícara e depois me serviu o café fumegante.

— Deseja comer alguma coisa em especial? — e me olhou curiosamente.
— Hum-hum — engoli. — Não. Só o bolo e café tá bom. Na verdade, tá ótimo! — mordi o bolo, derrubando um pouco de farelo.

Madalena riu e sacudiu a cabeça.

— Sabia que a Senhora Clarke também gostava disso? Bolo com café, quero dizer. E, muitas vezes, quando o marido viajava e seus filhos ainda eram pequenos, ela tomava o café aqui na cozinha. Não gostava de comer sozinha, pobrezinha. — seus olhos ficaram vazios, distantes, com a lembrança. — Era uma boa patroa. Muito boa mesmo!
— Você gostava dela, Madalena? — perguntei curiosa.
— E quem não gostaria? — ela disse, como se qualquer um soubesse disso. — Era muito atenciosa, muito educada. Nunca destratou ninguém nessa vida!
— Posso acreditar nisso. — conhecendo Joe e Elisa, sua mãe tinha que ter sido uma mulher extraordinária, assim como eram os filhos. — Como ela era?
— Elisa se parece muito com ela, exceto pelo cabelo, o da Senhora Laura era muito loiro.

Isso me surpreendeu. Tanto Joe quanto Elisa tinham cabelos muito pretos como carvão. Madalena notou minha surpresa.

— O Senhor John Clarke tinha os cabelos escuros como os filhos, mas os olhos azuis são herança da mãe. Ela era uma mulher muito bonita.
— Pelos filhos que teve, acredito que foi mesmo!

Enquanto eu terminava meu café, Madalena remexia numa pilha de roupas. Ela ergueu uma peça e a examinou por um segundo, em seguida sacudiu a cabeça.

— Outra camisa perdida! — falou desgostosa.

Olhei para a camisa nas mãos dela, grandes manchas coloridas cobriam a frente e parte das mangas.

— Toda vez que o Senhor Clarke resolve pintar à noite é a mesma coisa! — reclamou desanimada. — Já perdi as contas de quantas camisas ele estragou.
— Joe está pintando? — minha voz soou mais interessada do que eu pretendia.
— Sim, mas dessa vez no quarto de dormir! — disse ela, escandalizada. — Não sei o que deu no patrão! Hoje de manhã, quando fui arrumar seu quarto, me deparei com a bagunça de tintas e uma tela coberta. — sua testa franziu. — Ele não quer que ninguém veja a tela. Achei estranho. Ele nunca fez isso!

Ali estava uma coisa que eu queria ver: Joe pintando. Mas, se ele não deixou sua governanta ver, imaginei que eu não teria chance.
— O Senhor Clarke está muito diferente esses dias. Pergunto-me o que pode ter mudado para que ele esteja agindo de forma tão inconstante... — e me lançou um olhar que me disse o nome e sobrenome da tal mudança.

Limpei a garganta.

— Deve ser... Uma fase. Um cara jovem como ele sempre entra numas de vez em quando. Passa logo! — dei de ombros.

Vi a incompreensão no rosto redondo de Madalena e desisti de explicar.

— O que vai fazer com ela? — perguntei apontando a camisa.
— Acho que está perdida! Nem posso mandá-la para a paróquia como doação. Estas manchas não sairão daqui. — me mostrava as grandes bolas coloridas.
— Será que posso ficar com ela então?
— Ficar com a camisa do Senhor Clarke? — suas sobrancelhas se ergueram, três grandes vincos surgiram em sua testa,
— Madalena, não me olha assim! Eu tô meio sem roupas, lembra? Essa camisa seria perfeita para eu usar como pijama, Ou será que não se importa se eu dormir sem roupa alguma?

Ela corou pensando no assunto. Depois, voltou a colocar a camisa na pilha de roupas sujas.

— Vou lavá-la e depois a deixarei em seu quarto, senhorita.
— Valeu, Madalena. E obrigada pelo café. Estava maravilhoso, como sempre.

Do corredor, ouvi uma melodia muito agradável e, hipnotizada, segui o som até chegar à sala de música. Elisa tocava harpa. Assim que me viu, parou de tocar e começou a se levantar.

—Por favor, não pare! Toque mais um pouco, Elisa. Sinto tanta falta da música!
Ela sorriu.
— Bom dia, Demi. Alguma música em especial? — Elisa perguntou me  mostrando suas covinhas. 
 — Não. — sacudi a cabeça. —Toque as que você mais gostar. — eu não  conhecia muita música clássica de toda forma. Ela começou uma melodia animada. As  notas doces da harpa faziam a música parecer algo celestial, delicado e puro.  Sentei-me na cadeira perto de Teodora. Pensei que seria rude de minha parte me  sentar do outro lado da sala. 
— Bom dia, senhorita Demi. — ela disse. 
— Bom dia, Teodora. Como está? 
— Estou muito bem, senhorita. Ainda mais agora que o baile se aproxima! Estou  tão ansiosa para conhecer o filho de Lady Catarina! — seu sorriso enorme. 
— Legal! — concordei. 

Ficamos em silêncio por um tempo, apenas ouvindo a melodia que enchia toda a  sala. 
— Posso lhe fazer uma pergunta, senhorita? — ela parecia insegura. 
— Claro, Teodora. — O que ela queria? 

Ela titubeou um pouco, e depois começou. 

— Gosta dele, não é? — eu sabia a quem ela se referia. 
— É claro que eu gosto. Gosto de todos aqui. 

Ela sacudiu a cabeça. 

— Não, senhorita Sofia. Refiro-me a outro tipo de afeto, de gostar  romanticamente. Você gosta dele dessa forma, não é? 
— Eu... Por que quer saber? 
— Por que estimo muito a família Clarke. Não quero vê-los magoados. — seus  olhos pareceram sinceros. 
— Nem eu, Teodora. — suspirei. — Nem eu. 
— Mas eu notei como ele olha para você. E depois do que vi ontem na  carruagem... Ele a estima de uma forma única. O conheço há muito tempo para saber  que está encantado com sua pessoa. Apaixonado, talvez.  Não respondi. Remexi nervosamente na saia do vestido. 
— Sei que pretende ir embora logo e ele sofrerá muito com isso. — Teodora  concluiu. 

Eu sabia disso. Sabia muito bem!

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Hey meninas,olha eu de novo,ja estão cansadas de mim ? kkkk
Deixo aqui um avisinho: PROXIMOS CAPITULOS É PURA PEGAÇÃO HHEHE
Curtem,Kibem,comentem,deixem a opinião de vocês.
Um beijão,Nath
Geeeeeeeeeente,to viciada e AVALANCHE :3

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