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domingo, 9 de novembro de 2014

Perdida #22

Obriguei Elisa e Teodora a andarem pela vila até chegar perto da tal pensão. Um prédio antigo que precisava de uma mão tinta com urgência. Ficava numa esquina, uma placa de madeira, com o nome da pensão entalhada nela, pendia sobre a porta estreita e alta. Observei atentamente as pessoas que vi, especialmente os homens — já que agora sabia pelo menos que era um homem — mas, obviamente, ele não estava ali. Ninguém diferente das pessoas que eu conheci até então. Ninguém que se comportasse como eu. Fui obrigada a suportar o percurso de quinze minutos dentro da carruagem.

Teodora não calou a boca um único minuto.

— Que coisa estranha, não é? Duas pessoas assaltadas e praticamente no mesmo dia! Oh! O que a guarda está esperando? Por que não capturam esses bandoleiros de uma vez? Não posso acreditar que estejam muito longe. Não acha que tenho razão,senhorita Demetria? — ela agora olhava para mim. — Se conseguisse se lembrar ao menos de como eram os rostos dos agressores e relatasse aos guardas, talvez os encontrassem mais depressa. — ela não me deu chance de explicar que eu não poderia ajudar. Que
não vi rostos porque não havia rostos. Apenas um rosto, e eu tinha certeza que ela estava em algum lugar em 2014, curtindo com a minha cara e fazendo vodu para algum outro otário desavisado. — Vou pedir ao meu pai que contrate mais criados. Deus sabe se não estão atrás de...

Seu tagarelar continuou e tentei me desligar dele. De fato, não ouvia o que ela estava dizendo, mas aquele zumbido irritante ao fundo me impediu de pensar claramente.
Assim que chegamos, corri até o quarto e, com desânimo, vi meu celular,desligado como sempre. Pensei que haveria alguma coisa ali, uma mensagem ou outra coisa. Afinal, eu estive na vila. Na mesma vila em que estive na manhã anterior. Então, por que agora não havia nada?

— Elisa, se importa se eu for visitar Storm? Eu queria vê-lo outra vez. — na verdade, queria ficar sozinha e pensar.
— É claro que não, senhorita Demetria. Estaremos na sala de leitura. Poderá nos encontrar lá mais tarde.
— Beleza. — concordei tentando sorrir.

Desci até os estábulos, distraída. Eu ainda não entendia o que estava acontecendo. E precisaria da ajuda de Ian, mais uma vez. Precisaria que me levasse até a vila no dia seguinte para confirmar se o tal cara já tinha voltado e se tivesse, tentar descobrir o que sabia.

Storm estava solto no estábulo, parecendo feliz com a liberdade. Aproximei-me da cerca e fiquei observando o cavalo correr mais rápido quanto corriam os meus pensamentos. Por que eu estava ali afinal? Qual o motivo real daquela brincadeira de mau gosto? Esse homem também tinha comprado um celular da mesma vendedora? Também tinha que encontrar algo? Procurava pela mesma coisa que eu procurava? Seria uma caça ao tesouro e quem o encontrasse primeiro voltaria pra casa? Ele fazia alguma ideia
do que seria “essa coisa” pelo menos? Storm interrompeu minha concentração quando se aproximou. Chegou tão perto que eu podia tocá-lo.
— E aí cavalinho, curtindo a liberdade? — Claro que ele não respondeu. Só estava faltando isso: cavalos começarem a falar. Estiquei meu braço e toquei pelo brilhante. Ele bufou, mas achei que foi de contentamento.
— Por acaso, você não viu por aí uma máquina do tempo, viu? —sussurrei. — Imaginei que não. Mas, se de repente você encontrar uma, não esquece de me avisar!

Continuei a acariciá-lo e sorri. Eu estava contando meus problemas a um cavalo!

— A vida aqui é bem diferente, não é? Se bem que talvez vida de cavalo seja igual em todo lugar. Você é um cavalo de sorte. Não tem que puxar carroças, nem leva chicotadas. Aposto que até deve ter muitas éguas de olho em você...
— Parece que já são bastante íntimos. — uma voz ao fundo respondeu. Virei-me bem a tempo de ver Joe se aproximando, antes que eu pudesse fantasiar que tinha sido o cavalo que me respondera. — Se já estão falando sobre relacionamentos amorosos. — ele sorria.
— Storm é um amigo muito bom. — brinquei. — Fala quase nada e me escuta sem reclamar. Um amigo muito compreensivo

Ele parou ao meu lado e também acariciou o cavalo.

— Storm, creio que você tenha uma fã. — falou, me observando, com certeza para ver minha expressão ao ouvi-lo usar a palavra que eu havia ensinado a ele. E realmente fiquei surpresa. Meu rosto não escondeu isso.

Joe riu.

— Como foi na vila? Conseguiu encontrar algum vestido? — perguntou, ainda alisando o pelo de Storm.
— Encontrei. Valeu, Joe. Não precisava fazer isso. — eu disse, um pouco
desconfortável.
— Não precisava! Eu quis fazer. — ele parecia muito satisfeito por eu ter aceitado seu presente.
— Como foram seus negócios? —inquiri tentando puxar conversa.
— Excelentes. Entendemo-nos rapidamente.

Parei de alisar o pescoço do cavalo por um instante. Storm sacudiu um pouco a crina quando parei, como se dissesse: Continue, não pare!

— Encontrei mais coisa lá na vila. — voltei a acariciar Storm, mas olhava para Joe de esguelha.
— Não me diga que encontrou a tal pessoa que está procurando! — ele não gostou da notícia.
— Mais ou menos. — sussurrei. — Tem um cara que diz ter sido assaltado e está numa pensão. Ele não estava lá hoje, saiu cedo para fazer alguma coisa importante. — arqueei uma sobrancelha sugestivamente.
— Que coisa é essa? — ele também sussurrou.
— Não sei. Mas acho que talvez esteja tentando encontrar uma forma de voltar pra casa.
— Acredita que ele saiba como fazer isso, senhorita? — seus olhos intensos me observaram atentamente.
— Talvez sim, talvez não. Mas ele deve estar tentando. É o que eu estou fazendo, não é? Tentando encontrar um jeito de voltar.
— Certamente. — depois de alguns segundos acrescentou: — Posso perguntar por que estamos sussurrando?

Endireitei-me na cerca.

— Não sei! — eu ri, Joe também. — Pretendo ir até lá amanhã para ver se ele já voltou de viagem.
— Irei até a vila amanhã, se quiser me acompanhar será...
— Eu quero! — interrompi, tirando as mãos do cavalo e agarrando seus braços numa euforia desenfreada.
Nossa! Quem poderia imaginar que  Joe teria os braços tão definidos e fortes e...Tirei as mãos dele rapidamente e recuei. Fiquei constrangida por tê-lo tocado daquela maneira e ainda mais constrangida por ficar fantasiando sobre seus bíceps expostos numa camisa de mangas curtas.

— Desculpa, Joe. Eu me empolguei. — não consegui olhar para ele, fitei o chão.
— Não se desculpe, senhorita. — sua voz estava mais alta que o normal. — Já percebi que seus costumes são diferentes. Não há razão para se desculpar.

Não pude ver sua reação, mas sua voz parecia perturbada. Tive medo que ele pensasse que eu estava me insinuando para ele. Ainda mais depois da conversa que tivemos sobre casamento. Tentei me recompor, afinal, eu era uma garota do século vinte e um, pelo amor de Deus!
— Você... hã... Tem muitos arrendatários? — perguntei a primeira coisa que me veio à cabeça.
— Não muitos, — sua voz mais composta agora. — Apenas alguns em pequenas propriedades
— É disso que você vive? Sua renda, quero dizer.
— Disso também. Meu pai nos deixou um patrimônio bastante generoso. Mas me dedico mais aos cavalos. É o que eu gosto de fazer.
—Você vende os cavalos?
— A maioria deles. Criamos cavalos muito bons aqui. A família real já comprou diversos deles, aliás, — disse orgulhoso, cruzando os braços sobre o peito e atraindo meus olhos novamente para seus bíceps. Mesmo sob o casaco, eram bastante generosos.

Como não notei isso antes?

— Então é por isso que tem tantos deles. Eu fiquei pensando o porquê de tantos músculos. err... cavalos se você só tem uma carruagem... — meu rosto ardeu.
— Nós criamos e treinamos até que eles estejam prontos, depois os vendemos. É um ramo muito lucrativo e extremamente prazeroso
— Eu imagino que sim, — espiei pelo canto do olho e vi que ele tentava não olhar em minha direção, sem muito sucesso. Fiquei ainda mais nervosa. Minhas mãos começaram a suar.

O que estava acontecendo com meu corpo?

— Eu gosto disso, senhorita Demetria. Gosto de criar animais. É muito mais gratificante que uma plantação de café. — Joe se aproximou mais de onde eu estava. — Não imagina como fico feliz em poder dizer que meu estábulo está cheio de potrinhos e que logo se transformarão em garanhões puro sangue que servirão a muitas famílias.
— Ga-garanhões? — gaguejei estupidamente, recuando, um passo. A palavra não tinha a mesma conotação para ele que para minha mente suja.

— É claro que também criamos éguas, não dá para escolher — e sorriu. Seu sorriso tão lindo me deixou sem equilíbrio. — Mas os garanhões são os mais procurados.
— Ah! São mesmo! — concordei.

Tentei me acalmar e continuar conversando com ele normalmente. O problema era que eu não conseguia me concentrar em nada. A rigidez de seus braços não me permitia pensar em mais nada que não fosse arrancar sua camisa, deslizar meus dedos nas curvas de seus músculos...
— Acho que vou entrar, Joe, se não se importar. Elisa está me esperando na sala de leitura. — eu disse apressada.
— Eu a acompanho até lá. — ofereceu educadamente.
— Não! — gritei. — Não precisa. Eu sei chegar lá. Fica aí com Storm, ele deve estar precisando de... de... alguma coisa de cavalo.

Ótimo. Meu cérebro virou geléia!
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Hey meninas,desculpas a demora,os capitulos estão ficando quenteeees kkkk,como foram no enem,quem fez claro! kkk,Bom se voces comentarem,antes de 1 da manha tem um novo capitulo fresquinho,e lindinho,ta começando a chegar na parte que eu mais adoro do livro e ate mesmo a mais tensa e triste.Curtam,comentem,kibem,deixem a opinião de voces ta? 
Beijão,tia Nath

5 comentários:

  1. Comentei antes das 1 a.m quero meu capítulo

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  2. MULHER POSTA MAIS TO MORRENDO AQUI COM ESSA HISTORIA

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  3. aaaaahhhh bem que podia ter uma pegação logo kkk
    posta looooogo

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  4. quero logo um beijooooo posta mais please

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  5. Ai meu Deus ❤️❤️❤️❤️
    Que lindos esses dois ❤️
    Amei tudoooo,ansiosa para
    Saber mais.
    Posta logooo
    Beijos

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