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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Dez Respirações Minuscula #1

Fase Um
Confortavelmente
Dormente

Um silvo suave... meu coração batendo em meus ouvidos. Eu não ouço mais nada. Tenho certeza de que minha boca está se movendo, chamando seus nomes... Mãe?... Pai?... mas eu não posso ouvir a minha voz. Pior, eu não posso ouvir a deles. Eu me viro para a minha direita e vejo a silhueta de Jenny, mas seus membros parecem estranhos e não naturais e ela está pressionada contra mim. A porta do carro à sua frente está mais perto do que deveria estar. Jenny? Eu tenho certeza que eu digo. Ela não responde. Eu me viro para a esquerda para ver apenas escuridão. Muito escuro para ver Billy, mas eu sei que ele está lá porque eu posso sentir sua mão. É grande e forte e envolve os dedos. Mas não está se movendo... eu tento apertá-la, mas não consigo flexionar os meus músculos. Eu não posso fazer nada além de virar a cabeça e ouvir o meu coração bater como uma bigorna contra o meu peito pelo que parece uma eternidade.

Luzes fracas... vozes...

Eu os vejo. Eu os ouço. Eles estão por toda parte, se aproximando. Eu abro a boca para gritar, mas não consigo encontrar a energia necessária. As vozes ficam mais altas, as luzes mais brilhantes. Um suspiro débil coloca meus cabelos em pé. Como uma pessoa que luta por seu último suspiro.
Eu ouço um estalo alto, como alguém puxando alavancas de luz de palco; luz de repente se derrama de todos os ângulos, iluminando o carro com poder ofuscante.

O para-brisa quebrado.
O metal retorcido.
Manchas escuras.
Piscinas líquidas.
Sangue. Em todos os lugares.

Tudo desaparece de repente e eu estou caindo para trás, batendo na água fria, afundando ainda mais na escuridão, pegando velocidade enquanto o peso de um oceano me engole toda. Abro minha boca para procurar ar. Água fria suficiente para encher meus pulmões me cumprimenta com pressa, enchendo-me por dentro. A pressão em meu peito é insuportável. Está pronto para explodir. Eu não consigo respirar... Eu não consigo respirar. Respirações minúsculas, ouço minha mãe instruir, mas não posso fazê-lo. Eu não consigo nem uma sequer. Meu corpo está tremendo... tremendo... tremendo...

— Acorda, querida.

Meus olhos se abrem para encontrar um desbotado encosto de cabeça na minha frente. Leva-me um momento para perceber onde estou, para acalmar meu coração acelerado.

— Você estava arfando por ar de forma feroz. — Diz a voz.

Me viro para encontrar uma senhora encurvada no corredor, preocupação em seu rosto profundamente enrugado, seus dedos velhos e tortos no meu ombro. Meu corpo se enrola em si mesmo antes que eu possa parar a resposta instintiva ao seu toque.
Ela retira a mão, com um sorriso gentil. — Desculpe, querida. Apenas pensei que você deveria ser acordada.

Engulo e consigo coaxar: — Obrigada.

Ela acena com a cabeça e se move para tomar seu assento no ônibus. — Deve ter sido algum tipo de pesadelo.
— Sim. — Eu respondo, minha habitual voz calma e vaga retorna. — Mal posso esperar para acordar.

***

— Nós estamos aqui. — Eu dou uma agitada suave no braço de Livie. Ela resmunga e fuça a cabeça contra a janela. Eu não sei como ela consegue dormir assim, mas ela conseguiu, roncando suavemente pelas últimas seis horas. Um fio de baba seco escorre pelo seu queixo. Super atraente. — Livie. — Eu chamo de novo com uma borda impaciente no meu tom. Eu preciso sair desta lata. Agora.

Eu recebo um aceno desajeitado de sua mão e um lábio fazendo beicinho que diz claramente ‘não me incomode, eu estou dormindo’.

— Olivia Cleary! — Eu estalo enquanto os passageiros se apressam através dos compartimentos superiores e recolhem seus pertences.
— Vamos lá. Eu tenho que sair daqui antes que eu perca a minha cabeça! — Eu não tinha intenção de vociferar, mas não consigo evitar. Não me dou bem com espaços confinados. Depois de 22 horas neste maldito ônibus, puxar a escotilha de emergência e pular pela janela soa atraente.

Minhas palavras finalmente afundam nela. Os olhos de Livie tremem abertos e íris azuis semi aturdidas olham para fora no terminal de ônibus de Miami por um momento.

 — Nós conseguimos? — Ela pergunta por meio de um bocejo, sentando-se para se esticar e apontar a paisagem. — Oh, olha! Uma palmeira!

Eu já estou de pé no corredor, preparando nossas mochilas.

— Oba, palmeiras! Vamos, vamos. A menos que você queira passar mais um dia voltando para Michigan. — Essa ideia coloca seu corpo em movimento.

No momento em que saímos do ônibus, o motorista já tinha descarregado as bagagens pesadas do ônibus. Eu rapidamente encontro nossas malas cor de rosa choque a combinar. Nossas vidas, todos os nossos pertences, foram reduzidos a uma mala cada uma. É tudo o que consegui juntar em nossa fuga da casa de tio Raymond e da tia Darla. Não importa, eu digo a mim mesma enquanto jogo um braço sobre os ombros de minha irmã em um abraço de lado. Temos uma à outra. Isso é tudo o que importa.

— Está quente como o inferno! — Livie exclama, ao mesmo tempo que eu sinto uma gota de suor deslizar pelas minhas costas. É no final da manhã e o sol já brilha sobre nós como uma bola de fogo no céu. Tão diferente do frio do outono que estava quando saímos de Grand Rapids. Ela tira o casaco com capuz vermelho, ganhando uma série de vaias de um grupo de rapazes em skates, ignorando o sinal de “não entre” na parte do estacionamento coberto.

— Pegando já, Livie? — Eu provoco.

Suas bochechas explodem com a cor rosa ao mesmo tempo que ela recua, se escondendo atrás de um pilar de concreto, fora da vista. — Você percebe que você não é um camaleão, certo?... Oh! O de camisa vermelha está vindo aqui agora. — Eu estico meu pescoço com expectativa em direção ao grupo.

Os olhos de Livie ficam amplos de terror por um segundo antes de ela perceber que eu estou apenas brincando.

— Cale-se, Demetria! — Ela sussurra, batendo no meu ombro. Livie não suporta ser o centro das atenções para qualquer cara. O fato de que ela se transformou em um gata de cabelo negro no último ano não a tem ajudado a evitar isso.

Eu sorrio enquanto a observo atrapalhar-se com seu suéter. Ela não tem ideia de como é impressionante, e eu estou bem com isso, tendo em conta que vou ser sua tutora.

— Fique à nora, Livie. Minha vida será muito mais fácil se você for indiferente pelos próximos, digamos, cinco anos.

Ela revira os olhos. — Ok, Miss Sports Illustrated1.

— Ha! — Na verdade, parte da atenção daqueles babacas provavelmente é dirigida a mim. Dois anos de intenso kick-boxing me deram um corpo muito definido. Que, combinado com meu cabelo castanho profundo e olhos azuis claros, atrai um monte de atenção indesejada.

Livie é uma versão de quinze anos de mim. Mesmos olhos escuros, mesmo nariz, mesmo tom de pele Só há uma grande diferença, e essa é a cor do nosso cabelo. Se você colocar toalhas sobre o nosso cabelo, você pensaria que éramos gêmeas. Ela recebeu uma cor loira brilhante de nossa mãe. Ela também alguns  centímetros mais alta do que eu, mesmo eu sendo cinco anos mais velha.

Sim, ao olhar para nós, qualquer um com metade de um cérebro pode dizer que somos irmãs. Mas é aí que acabam nossas semelhanças. Livie é um anjo. Ela vai às lágrimas quando as crianças choram, ela pede desculpas quando alguém colide com ela, ela é voluntária em cozinhas de sopa e bibliotecas. Ela inventa desculpas para as pessoas quando elas fazem coisas estúpidas. Se ela tivesse idade suficiente para dirigir, ela pisaria no freio para salvar até grilos. Eu sou... eu não sou Livie. Eu poderia ter sido mais parecida
com ela antes. Mas não agora. Se eu sou uma nuvem de tempestade se aproximando, ela é a luz do sol irrompendo.

— Demi! — Viro-me para encontrar Livie segurando a porta aberta de um taxi, suas sobrancelhas levantadas.
— Eu ouvi que procurar no lixo por comida não é tão divertido quanto parece.

Ela bate a porta do táxi com força, seu rosto ficando carrancudo.

— Outro ônibus então. — Ela dá um puxão irritado em sua mala sobre o meio-fio.
— Sério? Cinco minutos em Miami e você já está começando com a atitude? Você quer comer lixo, Livie? Eu só tenho dinheiro suficiente na minha carteira para sobrevivermos até domingo. — Tiro a minha carteira para ela inspecionar.

Ela fica ruborizada

. — Desculpe, Dem. Você está certa. Eu estou apenas em um dia ruim.

Suspiro e imediatamente me sinto mal por ter falado assim com ela. Livie não tem um osso de atitude em seu corpo. Sim, nós brigamos, mas eu sou sempre a culpada e eu sei disso. Livie é uma boa garota. Ela sempre foi uma boa garota. Certinha, com bom temperamento. Mamãe e papai nunca tiveram de lhe dizer nada duas vezes. Quando morreram e a irmã de mamãe nos levou, Livie se esforçou ao máximo para ser uma garota ainda melhor. Eu fui na direção oposta. Difícil.

— Vamos, por aqui. — Eu entrelaço o braço com o dela e aperto-a enquanto desdobro o pedaço de papel com o endereço. Depois de uma conversa longa e trabalhosa com o homem idoso atrás da divisória de vidro - completo com um jogo de charadas e um diagrama de lápis sobre um mapa da cidade circulando três caminhos - estamos em um ônibus da cidade e espero que não estejamos a caminho do Alasca.
Estou grata, porque estou muito cansada. Além do meu cochilo de vinte minutos no ônibus, eu não dormi nada em 36 horas. Estou cansada e preocupada e eu prefiro viajar em silêncio, mas as mãos inquietas de Livie em seu colo matam essa ideia rapidamente.

— O que é, Livie?

Ela hesita, franzindo a testa.

— Livie...
— Você acha que a tia Darla chamou a polícia?

Alcanço seu joelho e aperto de forma tranquilizadora. — Não se preocupe com isso. Nós vamos ficar bem. Eles não vão nos encontrar e se encontrarem, a polícia vai ouvir o que aconteceu.
— Mas ele não fez nada,Dem. Ele provavelmente estava bêbado demais para saber qual era o seu quarto.

Eu a encaro

— Não fez nada? Você se esqueceu sobre a ereção repugnante que aquele velho empurrou contra sua coxa?

Livie franze a boca como se estivesse prestes a vomitar.

— Ele não fez nada, porque você saiu correndo de lá e veio para o meu quarto. Não defenda aquele idiota. — Eu tinha visto as olhadas que o tio Raymond dava em Livie enquanto ela amadurecia ao longo do ano passado. Livie era doce e inocente. Eu esmagaria suas bolas se ele pisasse dentro do meu quarto e ele sabia disso. Livie porém...

— Bem, eu só espero que eles não venham nos pegar e nos levar de volta.

Balanço minha cabeça.

— Isso não vai acontecer. Eu sou sua guardiã agora, e eu não me importo com a papelada legal estúpida. Você não está saindo do meu lado. Além disso, a tia Darla odeia Miami, lembra? — Ódio é um eufemismo. Tia Darla é uma cristã entusiasta, que passa todo o seu tempo livre rezando e se assegurando que todo mundo está rezando ou sabendo que devemos orar para evitar o inferno, sífilis e gravidez não planejada. Ela tem a certeza de que as grandes cidades são o terreno fértil para todo o mal no mundo. Dizer que ela é fanática seria um eufemismo. Ela não virá para Miami, a menos que o próprio Jesus esteja dando uma convenção.

Livie acena com a cabeça. Ela abaixa a voz para um sussurro.

— Você acha que o tio Raymond descobriu o que aconteceu? Poderíamos entrar em apuros por isso.

Eu dou de ombros. — Você se importa se ele descobrir? —

 Parte de mim desejava ter ignorado o pedido de Livie sobre não chamar a polícia sobre a pequena “visita” de tio Raymond no quarto dela. Mas Livie não queria lidar com relatórios policiais e advogados e Ajuda de Crianças e nós teríamos tido certamente que lidar com todos eles. Talvez até mesmo as notícias locais. Nenhuma de nós queria isso. Nós tivemos o suficiente disso após o acidente. Quem sabe o que eles fariam com Livie, já que ela é menor de idade? Provavelmente ela ficaria em um orfanato. Eles não dariam ela para mim. Eu fui classificada como “instável” em muitos relatórios profissionais para me confiarem a vida de alguém.

Então Livie e eu fechamos um acordo. Eu não iria denunciá-lo, se ela partisse comigo. Ontem à noite acabou por ser a noite perfeita para fugir. Tia Darla estava afastada em um retiro religioso toda a noite então eu esmaguei três comprimidos para dormir e os joguei na cerveja do tio Raymond, depois do jantar. Eu não posso acreditar que o idiota pegou o copo que eu preparei e entreguei para ele tão docemente. Eu não disse 10 palavras para ele nos últimos dois anos, desde que descobri que ele perdeu a nossa herança em uma mesa de Black Jack. Ele não percebeu a decepção, porém. Às sete horas, ele estava deitado e roncando no sofá, dando-nos tempo suficiente para pegar as malas, limpar a carteira e a caixa de dinheiro secreta da tia Darla debaixo da pia, e pegar o ônibus naquela noite. Talvez drogá-lo e roubar seu dinheiro tenha sido um pouco excessivo. Então, novamente, talvez o tio Raymond não deveria ter ficado todo pedófilo assustador.

— Um-vinte-e-quatro. — Eu li os números no edifício em voz alta. — É isso. — Isso é real. Estamos lado a lado na calçada do lado de fora do nosso novo lar - um edifício de apartamentos de três andares na Unidade de Jackson com paredes de estuque branco e janelas pequenas. É um lugar de aparência elegante, com uma aparência de casa de praia, embora nós estamos há meia hora de distância da praia. Se eu inalar profundamente, quase posso pegar um cheiro de protetor solar e algas.

Livie passa a mão através de sua juba selvagem escura.

 — Onde você encontrou este lugar, de novo?
— www.desesperadaporumapartamento.com?— Eu brinco. Após Livie invadir meu quarto em lágrimas naquela noite, eu sabia que precisávamos sair de Grand Rapids. Uma pesquisa na Internet levou à outra e logo eu estava enviando um email ao proprietário, oferecendo-lhe seis meses de aluguel em dinheiro. Dois anos de servir café no Starbucks perdidos.

E vale a pena cada gota de café derramada.

Subimos as escadas e caminhamos até um arco com portão.

— A imagem com o anúncio parecia ótima. — Eu digo enquanto agarro e puxo a maçaneta do portão para descobrir que ela está trancada. — Boa segurança.

— Aqui. — Livie aperta a campainha redonda e rachada à direita. Não faz nenhum som e eu tenho certeza que ela está quebrada. Eu reprimo um bocejo enquanto esperamos por alguém passar.

Três minutos depois, minhas mãos estão em concha em volta da minha boca e eu estou prestes a gritar o nome do senhorio quando ouço sapatos arrastando no concreto. Um homem de meia-idade, com roupas amarrotadas e um rosto que parece desalinhado aparece. Seus olhos são desiguais, ele é principalmente careca, e eu juro que uma orelha é maior que a outra. Ele me lembra do Sloth daquele filme dos anos oitenta que meu pai nos fazia assistir, Goonies. Um clássico, meu pai costumava dizer.

Sloth coça a barriga saliente e não diz nada. Aposto que ele é tão inteligente quanto seu gêmeo do filme.

— Oi, eu sou Demetria Cleary. — Me apresento. — Nós estamos procurando pelo Sr. Tanner. Nós somos as novas locatárias de Michigan. — Seu olhar astuto gruda em mim por um tempo, me avaliando. Eu silenciosamente me elogio por vestir jeans para cobrir a tatuagem considerável na minha coxa, caso ele ousasse me julgar pela minha aparência.

Seu foco então muda para Livie, onde fica por demasiado tempo para o meu gosto.

— Você moças são irmãs?
— Nossas malas combinando deram a pista? —

 Eu respondo antes que eu possa parar. Entre nos portões antes de deixá-los saber o quanto você pode ser espertinha, Demi
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Espero que gostem do primeiro capitulo,no começo voces podem achar chato mais ela fica boa logo logo,garanto a vocês,bem,curtam,comentem,deixem a opinião de vocês. E muito importante pra mim. E eu lembro muito qual segredo do Joe,mais é algo que vai abalar a confiança e o futuro do possivel casal,e outra o final do dois não é um final certo,onde podemos dizer que vão ficar juntos. É realmente um grande livro. Quero fazer uma maratona ate pelo menos o decimo capitulo,mais depende de vocês claro. Então é isso,quem quiser maratona,comenta aqui e começamos hoje mesmo.
Um grande beijo

2 comentários:

  1. Eu realmente espero que eles fiquem juntos no final, porque seria realmente triste eles não ficarem juntos e eu definitivamente quero MARATONA! E a propósito o capítulo está perfeito
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  2. Que lindo 👏👏❤️❤️
    Adorei o capítulo....
    Super ansiosa para saber mais kkk
    Pelo menos elas vão ficar longe do pedofilio kkkk do *tio* delas kkkk
    Enfim...posta logooo
    Beijos

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