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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Perdida #9

— É. Eu tô melhor. Obrigada, Joseph — respondi, com as bochechas queimando 
levemente. 
Ele tossiu, ao mesmo tempo em que as duas garotas se entreolharam e depois se voltaram para Joseph com cara de assombro. O que foi que eu disse?
Joseph apenas se limitou a sorrir para as duas.
— Senhorita Demetria, permita-me apresentá-la a minha irmã, Elisa — a garota de cabelo preto inclinou levemente a cabeça, — E nossa amiga Teodora Moura. — a mais baixa e ruiva também inclinou a cabeça, fazendo uma reverência.
— E aí, tudo bem? — perguntei, me aproximando um pouco. Ninguém respondeu. Fui ficando cada vez mais constrangida.
— Obrigada pelo vestido. — eu disse a Joseph, num sussurro.

Ele sorriu delicadamente deixando seu rosto ainda mais lindo. 

— Vejo que lhe caiu muito bem. — seus olhos grudados nos meus pés.
— Ficou um pouco curto, mas posso pedir à Senhora Madalena para fazer a bainha e deixá-lo mais longo. — disse-me Elisa. — Não sou tão alta! — ela deu um sorriso, como quem se desculpa. Quando sorriu, duas covinhas apareceram em suas bochechas.
— Não precisa se incomodar. Não pretendo ficar muito tempo. Na verdade, preciso voltar pra casa imediatamente. Mas valeu pela preocupação.
Toda vez que eu abria a boca, parecia ter o poder de arregalar os olhos de quem estivesse ouvindo, assim como Elisa fez agora. Eu não tinha dito nem uma asneira. Ou tinha?
— Conseguiu se lembrar de como voltar para casa? —a ruiva perguntou. — Pensei que estivesse sofrendo de um lapso de memória. Não foi isso que nos disse há pouco, Senhor Clarke?

Clarke? 

— Sim, senhorita Teodora. Foi como eu disse, a pancada na cabeça deixou a senhorita Demetria ligeiramente confusa. — ele respondeu, erguendo as sobrancelhas.
Ah! Joseph Clarke. A garota estava chamando aquele rapaz, que parecia ser mais jovem que eu, de Senhor Clarke!

Onde foi que eu vim parar! 

— Eu não estou confusa. — não com relação ao lugar de onde eu vim. — Apenas não sei como voltar. É meio complicado. Mas eu juro que descubro logo! Nem que eu tenha que me enfiar em cada buraco deste lugar.
— Não precisa ter tanta pressa, senhorita Demetria. — Joseph se apressou em dizer.Seus olhos me pareceram muito sinceros. — Será um prazer recebê-la aqui pelo tempo que for necessário.
— Nossa, valeu! Nem sei como agradecer tanta hospitalidade, mas eu tenho mesmo que voltar logo. Tenho muita coisa me esperando.
— É claro. — respondeu quase sorrindo. — Posso lhe mostrar a casa?
Joseph era bacana. Quem imaginaria que um homem pudesse ser tão gentil com uma desconhecida? Bem, ser gentil com uma desconhecida sem ter a intenção de levá-la pra cama. Eu não conhecia mais nenhum.
— Pode ser Joseph. — sorri timidamente.
As garotas se entreolharam mais uma vez. Eu corei sem saber o motivo, mas aparentemente eu havia ofendido alguém de alguma forma.
— Por que toda vez que eu digo alguma coisa sua irmã e Teodora parecem tão espantadas? — indaguei, depois que saímos da sala imensa e entramos em outro corredor largo com mais uma dezena de portas. Tinha certeza que jamais encontraria cômodo algum naquele labirinto. — Falei alguma besteira?
— Como já disse antes, seu modo de falar é... peculiar. — ele lutava para não sorrir. — Algumas de suas palavras são um tanto diferentes, mas creio que elas se espantaram pelo fato de chamar-me por meu primeiro nome.

Olhei pra ele. Ele não estava falando sério! Não podia estar falando sério! 

— Eu não posso te chamar de Joseph? É seu nome, não é?
— Sim, é meu nome. — ele deu um meio sorriso. — Mas jovens solteiras normalmente devem saudar os cavalheiros por seus sobrenomes. Nesta parte do país, ao menos, é assim. — ele estava falando sério! — Se dirigir a alguém por seu primeiro nome denota certa... intimidade.
— Intimidade tipo conhecer há muito tempo ou tipo sexo? — eu tinha que aprender depressa como não chamar tanta atenção.
Ele parou repentinamente. Olhei seu rosto e, por um momento, pensei que Joseph fosse sufocar. Por sua expressão, suspeitei que sexo não fosse um dos tópicos mais discutido por ali.

Opa! 

— Senhorita Demetria, por favor, peço que compreenda que, nesta parte do país, as... hã... certas coisas continuam como sempre foram. Conservadoras! Esse lugar de onde a senhorita vem parece ter sido... modernizado rápido demais. Mas gostaria que não falasse de certos assuntos em minha casa.
— Ah! Desculpa. Eu não sabia que não devia falar. Quer dizer, eu devia ter imaginado. Já li tantos livros sobre esta épo... Err... e nunca ninguém mencionou nada sobre se... Coisas assim. Já entendi. Não vou esquecer. Prometo, Joseph.
Ele suspirou.
— Ai, caramba! Prometo, Senhor Clarke. É que é tão estranho te chamar de senhor! Você deve ter quase da minha idade. — talvez tivesse vinte e três ou vinte e quatro. Eu estava habituada a chamar homens bem mais velhos de senhor, mas um cara bonito e tão jovem e que não era meu superior...
— Na verdade, eu não me importo com isso. Pode me chamar de Joe, se quiser. — um sorriso apareceu em seus lábios. Ele baixou um pouco a voz, num tom conspiratório. — Mas se mais alguém ouvir, terá uma reação parecida com a de Teodora.
— Eu não me importo também. Mas vou tentar me lembrar da próxima vez. Não quero te deixar numa saia justa. Você tem sido muito bacana comigo. — era o mínimo ue eu podia fazer para retribuir sua ajuda espontânea.
— Saia justa? — perguntou confuso.

Ô, meu Pai! O dia seria longo!

— É tipo uma situação embaraçosa. Constrangedora. — expliquei.
— Oh! Não me importo com isso também. Mas você, senhorita, tem uma reputação a zelar.
— Olha Joe, estou com tantos problemas que não dou mínima pra isso. Além disso, se tudo der certo, me mando logo daqui, então não importa. — suas sobrancelhas arquearam novamente. Apressei-me para explicar. — Caio fora. Dou no pé. Pico a mula. — a incompreensão ainda tingia seu rosto. — Vou embora, sacou, digo, entendeu?
A incompreensão deu lugar a outra coisa. Pareceu—me ser... desapontamento?
— Você está sendo super bacana comigo, Joe. — tentei correr com as palavras. Não queria que ele me achasse uma ingrata. — Mas é que eu realmente preciso descobrir uma forma de voltar. Minha vida está lá me esperando. — meu emprego, minha casa e Marina, que devia estar me procurando como uma alucinada por eu não ter aparecido ainda em seu apartamento para saber como o Logan havia reagido diante de seu pedido.
— Posso imaginar, senhorita Demetria. — ele me encarou por um longo minuto, depois recomeçou a andar. — Posso imaginar!
Eu o segui.
— Joe, será que posso te pedir outro favor?
— Certamente, senhorita. — seu rosto ficou sério. Ele me observou com curiosidade.
— Dá pra me chamar só de Demetria ou Demi ? Sem o senhorita? Apenas Demi? Já está me dando nos nervos!
Ele riu, um pouco surpreso com meu pedido.
— Posso tentar. — ele disse. — Não sei se consigo ser tão espontâneo quanto você.
— Claro que consegue!
Ele riu.
— Vou tentar. Agora venha, vou lhe mostrar minha casa. — disse, apontando para uma das portas. Pensei que precisaria desenhar um mapa se quisesse realmente encontrar os
cômodos outra vez. Eram tantas as salas — de leitura, de pintura, de estudos, escritório — e tantos os quartos — de dormir, de costura, de vestir — e apenas quatro deles estavam, de fato, sendo ocupados.
Joe me guiou pelo labirinto até chegarmos à cozinha.
— Senhora Madalena, creio que já conheceu a senhorita Demetria. — ele disse, formalmente.

Meus olhos se estreitaram ao constatar que ele ainda não colocara em prática a
promessa de me chamar apenas por meu nome. A mulher baixinha secou as mãos no avental amarrado na cintura e se aproximou.

— Como está, senhorita? O vestido lhe caiu muito bem. — ela me examinou de cima a baixo. Seus olhos se detiveram em meus pés. Sua testa se enrugou. — Os sapatos não eram de seu agrado?

Olhei para meus pés, assim como fez Joe. Eu realmente havia me esquecido dos tênis. E tinha certeza de que eles atrairiam olhares curiosos, ainda que não fossem vermelhos.

— Na verdade, ficaram pequenos. — eu disse, me desculpando, como se fosse culpa minha ter pés maiores que o sapato; não pés grandes demais, mas decididamente não eram pequenos. — E eu gosto destes aqui. São mais confortáveis.
Joe sorriu. Além de lhe cair bem, o sorriso vinha facilmente aos seus lábios.

Gostei disso. Gostava de pessoas bem humoradas que sorriam mais do que faziam caretas. 

— Este é o Senhor Gomes, meu mordomo — disse ele, ainda sorrindo.
— Encantado em conhecê-la, senhorita Demetria. — o homem de meia idade se inclinou de forma exagerada. Precisava daquilo tudo?
— Errr... O prazer é meu, Seu Gomes.

Joe sacudiu a cabeça, rindo baixinho, e continuou me guiando de volta por um dos corredores — que eu não fazia ideia de onde iria dar. Depois de um tempo, porém reconheci um dos quadros na parede do corredor. Já tinha visto aquele quadro mais cedo. Estávamos voltando para a sala onde Teodora e Elisa deveriam estar.

— Acabou? Você me mostrou tudo? — perguntei aflita.
— Sim. Mostrei toda casa. Há algo errado, senhorita Demetria?

É claro que havia! Uma casa com uma dezena de salas, a cozinha gigantesca uma dúzia ou mais de quartos e só isso. Nada mais. 

Oh, Deus, por favor! Permita que eles já existam, por favor! 

— Senhorita? — Joe me lançou um olhar preocupado. — Está se sentindo bem?
— Cadê os banheiros? — perguntei em pânico.
— Banheiros?

Ah, Não! 
Não! Não! Não!

— Sim. Banheiros. Onde se toma banho... Por favor, me diga que você tem pelo menos um nesta casa! Por favor!

Joe ficou confuso. Muito confuso. Então eu soube a resposta. 

Nada de banheiros!
Eu não queria pensar nas opções. Recusei-me a pensar nisso.

— Imagino que tenha notado a banheira em seu quarto. — ele disse, inclinando a cabeça levemente para o lado, ainda desnorteado.
— Sim. Acho que vi. — não tinha visto, realmente, mas se ele disse que havia uma... Não dava mais pra confiar no que apenas eu via.
Banheira era bom. Acalmava. Relaxava. Mas não resolvia todos os meus problemas. Eu ainda olhava pra ele com um horror crescente. Totalmente desesperada, na verdade.
— A banheira, beleza. Mas e quanto ao resto?
— O resto? — repetiu.

Ele estava tentando me irritar? Por que, nervosa como eu estava, nem precisava se dar ao trabalho. 

— É, Joe, o resto? E pare de repetir tudo o que eu digo. Está me deixando nervosa.

Não entre em pânico! Não entre em pânico! 

— Perdoe-me. A que resto, exatamente, a senhorita se refere? — Joe parecia verdadeiramente confuso.
Respirei fundo, tentando me acalmar e pensando que, se ele não sabia o que era um banheiro, então não saberia qual era sua finalidade também.

Isso não pode estar acontecendo! 

Fechei meus olhos bem apertados, tentando acordar mais uma vez. Quando voltei a abri-los, Ian ainda estava ali, me observando curiosamente. Respirei fundo outra vez.
— O resto! — as palavras saíram sem controle. — O resto. As necessidades isiológicas, o xi...
— Ah! Entendo, ele me interrompeu assim que compreendeu sobre o que eu perguntava. — Você deve estar falando da casinha!

Não gostei da forma como ele disse “casinha”. 
Não gostei nada!

— Fica do lado de fora. Vou lhe mostrar.

Observei a casinha por um longo tempo. Era surreal demais!
A casinha era exatamente isso, uma casinha de madeira, há quase um quilômetro da casa imensa. Era tão baixa que alguém precisaria se abaixar para entrar nela, até tinha uma pequena janela. Dentro, havia algo parecido com um caixote de madeira com tampa e dois buracos lado a lado na tampa. Pensei um pouco sobre os buracos. Pra que dois? Seria buraco para líquidos e buraco para sólidos? Ou seria para interação social. Você convida alguém para ir até a casinha e bate um papinho enquanto faz... a oferenda? Por que
dois buracos? Não havia outra forma de descobrir. Tinha que perguntar.

— Por que tem dois buracos?
Joe me fitou com um pouco de constrangimento no rosto.

— É uma ideia modernista. — por um momento, pensei que ele estivesse me gozando. — Substitui muito bem os...penicos. Mas a função é a mesma. Imagine que aquele buraco é um penico e...
— Não. — eu ri. Não pensava em penicos desde... Bem, nunca! — Eu sei pra que servem os buracos. Só não entendi o porquê de dois deles. Supõe-se que uma pessoa por vez use a casinha, certo? — minha voz denotou todo meu horror à menção da palavra casinha.
— Sim, para uso individual, mas pode haver emergências. — ele olhava pra todo lado, menos para mim. — Imagine que a casinha esteja ocupada e, digamos... uma criança precise usá-la também. Acomoda duas pessoas, se for necessário
— Sei. Então não seria melhor ter duas casinhas separadas, com apenas um buraco em cada uma delas em vez de apenas uma casinha com dois buracos? — indaguei meio enrolada.
Suas sobrancelhas arquearam. Ele entendeu meu ponto.
— Na verdade seria sim. — ele disse espantado.
— Imaginei. — e, aparentemente, fui a única.
Depois, contemplei outro dilema. Supondo que eu tivesse usado a casinha. Supondo que tivesse terminado o que fui fazer ali e quisesse voltar para minha vida. Eu precisaria de algumas coisas...
— Joe? — minha voz tremeu um pouco.
— Sim, senhorita Demetria?
— Você usa a casinha, certo?
— Humm, certo. —confirmou, inseguro.
— Então você sabe o que fazer depois. — eu disse, arqueando uma sobrancelha.
Ele corou.
Meu Deus, ele era tão estranho! Aposto que não existia coisa alguma no mundo que fizesse o Logan corar. Ou até mesmo a Marisa! Humm... Eles eram perfeitos um para o outro, eu tinha que admitir.

— Depois de usar a casinha, vou precisar de... — me interrompi sugestivamente, esperando que ele compreendesse e completasse minha sentença. Rezei fervorosamente para que a historia com os sabugos fosse apenas lenda.
— Ah, isso! É para isso que serve aquele pé de alface ali no canto. Todos os dias algum criado coloca um fresco.

Olhei para lan como uma idiota, tentando entender o pé de alface e sua conotação. Então, uma gargalhada histérica explodiu de minha boca, não pude evitar. Pé de alface como papel higiênico! Sem agrotóxicos ainda por cima! Ao menos eram lavadas primeiro? Os ecologistas iriam adorar essa ideia. Totalmente biodegradável!

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Heeeey gente,boa nooite,como ces tão,a semana começou agitada ne ? Com Jemi juntos no palco dps de 4 anos,eu pirei,eu so ia postar na quinta,mais arrumei tempo pra postar hoje,cara,quem diria Joseph Jonas e Demetria Lovato no mesmo palco juntos,dando abraçados,fazendo vines,trocando twitter,aaah pireeeeei.
Boom,boa noite,marquem o EU Li e comentem. 
Beijos,Nath

2 comentários:

  1. Kkkkkkk alface ai ai que comédia kkkk
    Adorei tudo ❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️
    Posta logo sua linda
    beijos

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