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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Perdida #8

— Eu... estou... perdida. — o que mais eu podia dizer? Escuta só cara, eu acordei hoje de manhã no ano de 2014 e, depois que tropecei numa pedra e meu celular criou uma coisa tipo uma Surpernova, eu vim parar, sabe-se Deus como, no século dezenove. Que doideira! — Eu vim de... outro lugar. Não sei bem como aconteceu, mas quando dei por mim, já estava aqui. E não sei como voltar. — era toda a verdade que dava pra contar a ele.

Joseph continuava a observar meu rosto.

— Então a senhorita está aqui sozinha?

Como olhos tão negros podiam brilhar tão intensamente?

— Estou. — sozinha e desesperada, eu quis acrescentar.
— Se me disser como, posso levá-la de volta para sua casa. — sua voz gentil, seu rosto amigável.
— Mas o problema é esse! Nem eu mesma sei como voltar! — apenas  sabia  que teria que encontrar uma coisa que eu não fazia ideia do que era. — Mas eu vou descobrir. — disse mais para mim mesma que para o rapaz gentil que tinha me ajudado gratuitamente até agora. Entendo. — disse ele, mas tive a impressão que não entendia nada. Não o culpei. Eu mesma tinha dificuldades para compreender.
 — Pensei que tivesse dito que vinha da cidade.
— E eu vim da cidade! Mas tenho certeza absoluta que não é a mesma cidade a que você se refere. Eu vim... De um lugar distante. — não gostei de dizer meias verdades a ele.

Que estranho!

— Então não há lugar algum aonde eu possa levá-la? — constatou.

 Para onde eu iria naquele fim de mundo? 

— Acho que poderia me indicar uma pensão ou um hotel. Não conheço nada aqui. — dei de ombros, imaginando se as pensões já existiam e se aceitariam um chequepré-datado para 65.475 dias.
— Pensão? Jovens solteiras e desacompanhadas não se hospedam em pensões. — ele me censurou. — Além disso, seria um imenso prazer poder hospedá-la em minha casa enquanto descobre como voltar para a sua.

Olhei pra Joseph chocada. Chocada e desconfiada. Ele me conhecia há menos de 
uma hora e me oferecia sua casa como hospedagem! Estranhos não ajudam pessoas que 
acabaram de conhecer. Não no século vinte e um. 

— Eu... Não posso ficar aqui. Você nem me conhece! E eu... — mas pra onde eu iria?

Joseph ficou muito sério. 

—Eu não a conheço, realmente, mas... Fiz algo que a desagradou, senhorita Demetria? Pelo que pude entender, a senhorita não tem conexões aqui, ninguém a quem recorrer. No entanto, parece relutante em aceitar minha ajuda.
— Não. Não é isso. Agradeço muito por sua ajuda! Você foi ótimo! É só que, de onde eu venho, estranhos não ajudam pessoas que não conhecem sem ganhar nada em troca. — soltei e observei sua reação.

Ele me olhou com alguma coisa parecida com indignação. 

— Lugar estranho, esse de onde você vem. No entanto, eu ficarei feliz em ajudá-
la. Sem receber nada em troca. — ele enfatizou. — Apenas quero ampará-la.
— E por quê? — é claro que eu estava desconfiada. Quem não estaria? Eu cresci ouvindo “nunca aceite nada de estranhos!” Mas, naquele caso em particular, eu não tinha outra alternativa.

Ele abriu um sorriso. Uau! 

— Eu tenho uma irmã caçula, senhorita Demetria. Não gostaria de vê-la numa situação parecida com a sua. E ficaria imensamente grato se alguém a ajudasse em uma hora de dificuldade. Sem saber o que fazer — e o que pensar — apenas respondi:
— Então, aceito sua ajuda, pelo menos até eu ter uma ideia de como voltar pra casa.
— Excelente! — um sorriso enorme se espalhou em seu rosto. Meu estômago se agitou. Talvez fosse culpa do vinho.

Joseph me deu uma rápida olhada e desviou os olhos, parecendo constrangido outra 
vez. 

— Hã... Pedirei à senhora Madalena que traga algumas roupas. Você parece ser um pouco maior que minha irmã, mas, ainda assim, será melhor que ficar... vestida dessa forma. — seus olhos caíram no chão.
— Eu não estou sem roupa! As pessoas se vestem assim de onde eu venho. Pare de dizer que estou pelada! — era constrangedor ver que minhas roupas (ou a falta delas) o deixavam tão perturbado.

Joseph arregalou os olhos quando eu disse pelada e depois corou. Nunca tinha visto um homem corar tantas vezes em toda minha vida. Não até hoje de manhã.

— Compreendo. — Joseph disse cauteloso. — Mas veja, aqui não estamos... habituados a esse tipo de traje. Então, seria mais apropriado se a senhorita pudesse... Se pudesse se vestir de forma mais... Tradicional. — ele não me olhou enquanto falava.
— Eu... hã.... — talvez minhas roupas fossem mais estranhas pra ele que as dele eram para mim. Homens usavam ternos em escritórios, em casamentos e festas, não para cavalgar, claro, mas eu já tinha visto homens em trajes formais milhares de vezes. Ele, no entanto, não estava habituado a ver pernas, ao que parecia. Eu vi a mulher de cabelos cinza logo que entrei na casa imensa. Ela vestia um daqueles vestidos volumosos e longos de filmes antigos. Será que foi por isso que ela arfou quando me viu? Pela minha falta de roupas? Pensei que fosse por ter uma estranha sangrando no meio da sala. Humm...
— Então, se fizer a gentileza de vestir as roupas que ela trará, poderá sair do quarto sem impressionar ninguém. Elisa está ansiosa para conhecê-la e eu poderia mostrar-lhe minha casa. Já que se hospedará aqui, precisará conhecer as dependências, caso precise de alguma coisa.

Seu rosto era tão gentil, tão sincero!

— Está bem. — concordei, impotente. Eu não poderia encontrar a tal jornada trancada naquele quarto. E seria melhor não chamar muita atenção, de toda forma. — Valeu, Joseph. Por... se preocupar.
— Valeu? — um pequeno v se formou entre suas sobrancelhas.
— É o mesmo que obrigada, de uma forma mais casual.— e ri sem graça.
Ele sorriu, depois fez uma reverência — exatamente como nos filmes! — e deixou o quarto dizendo apenas:
— Com sua licença, senhorita.
Nossa! Ele se inclinou pra mim! Como se eu fosse uma mocinha indefesa. Como se eu realmente fosse uma donzela do século retrasado e ele fosse...

Foco! Comandei a mim mesma. 

Eu tinha um grande problema. Precisava encontrar muitas respostas. Precisava pensar no que ela havia me dito, palavra por palavra, e tentar encontrar qualquer coisa útil. Mas, fosse o que fosse, eu tinha certeza que não estaria naquele quarto. Eu tinha que encontrar uma pista pra poder voltar pra casa. Por mais gentil — e estranhamente familiar — que o rapaz fosse, eu não tinha intenção de me demorar ali.
Toc-toc!
— Senhorita? — chamou uma voz feminina.
Dessa vez, talvez por causa do calor do vinho, consegui me mover até a porta. A mulher baixinha e rechonchuda, com o mais vivo tom de escarlate no rosto, me olhou de soslaio.

Soslaio? 

Eu já estava entrando na brincadeira! Daqui a pouco estaria chamando as pessoas por seus sobrenomes e corando, o que todo mundo ali parecia fazer.
— Senhorita, o patrão pediu para que eu trouxesse estas roupas.
Fiquei olhando a pilha que ela tinha nas mãos. Quantas roupas ela pretendia vestir com tudo aquilo? Tinha tecido ali para armar uma barraca de acampamento.
— Valeu, dona. Mas eu só vou precisar de uma roupa. No vou ficar aqui muito tempo.
— Sim, senhorita, por isso trouxe este aqui. — ela apontou com a cabeça para um tecido azul.
— Ah! Obrigada. — Peguei o vestido, sorri e comecei a fechar a porta, mas a mulher não se moveu. — Algum problema? — perguntei. Não queria ser rude e bater a porta na cara dela.
— Bem... Senhorita... E quanto ao resto? — ela parecia estranhamente nervosa, seu rosto assumiu um vermelho ainda mais intenso.
— Resto? — perguntei sem compreender.
— Do seu traje! — ela esticou os braços, me oferecendo pilha.
— Hein? Que traje? Eu já peguei o vestido!
Ela remexeu na pilha em suas mãos ruborizando violentamente e, sem me olhar nos olhos, disse:
— Os trajes íntimos. A anágua, o espartilho, as meias, a crinoline e o sapato, Senhorita.
A mulher não esperou por uma resposta minha. Colocou tudo em meus braços entorpecidos. Eu peguei automaticamente. Depois, praticamente correu pelo longo corredor. Fiquei olhando até ela desaparecer. Minhas reações ainda estavam um pouco afetadas pelo choque de estar, de fato, no século dezenove. Fechei a porta.

Joguei a pilha pesada de roupas sobre a cama. Tentei reconhecer algumas peças. 

Vestido: 0K.
Meias: 0K.
Um treco de metal que parecia uma gaiola: Nada 0K.
Espartilhos: já tinha ouvido falar deles.

Uma saia branca de tecido duro e pesado: talvez fosse a tal anágua. Uma peça branca parecida com aqueles shortinhos que se usa embaixo do vestido de quadrilha: humm... Supus que fosse um tipo de lingerie, já que tinha uma abertura entre as pernas e um laço de fita de cetim unindo as duas partes. Olhei para ela e ri. As calçolas da vovó pareceriam escandalosas perto disso! Tirei minha blusa e minha saia e peguei o vestido. Se o problema fosse pernas de fora, ele daria conta do recado. Eu não usaria aqueles Outros instrumentos de tortura. Pra dizer a verdade, fiquei um pouco intrigada com aquela gaiola. Era pra ser usado embaixo do vestido? De verdade? O vestido azul claro, de mangas curtas e decote reto, ficou um pouco largo na cintura e curto no comprimento, mas minhas pernas não apareciam mais, apenas parte dos tornozelos e meus pés. Mantive os tênis. Os sapatos eram pequenos demais para meus pés, mas, principalmente, pareciam ser desconfortáveis.

Meu Deus, como aquele vestido era quente! O tecido pesado me fazia suar em 
todos os lugares. O dia estava exatamente como pela manhã. Agradável e quente. Agradável se você estivesse usando roupas leves, é claro. Com amargura, me lembrei de que gostava daquele tipo de vestido em meus livros. Eu gostava por que nunca tinha usado um! Coloquei minhas roupas na bolsa e amontoei a pilha que sobrara sobre a cômoda. Alguém iria levá-los dali. Vestida — e me sentindo muito ridícula —, saí do quarto procurando refazer o caminho por onde entrei. Passei por um longo corredor cheio de quadros bonitos — paisagens em sua maioria —, tentando encontrar a sala. Notei que haviam muitas portas no corredor. Comecei a ouvir vozes (não de fantasmas, era só o que me faltava!) e segui o som. Acabei encontrando a sala gigantesca. Ian estava ali, além de mais as duas garotas. Parei assim que os vi, sem saber exatamente o que deveria fazer. Para minha sorte, Joseph veio ao meu encontro, sorriu um pouco enquanto examinava o vestido e sacudiu levemente a cabeça.
— Parece estar muito melhor agora, senhorita Demetria. — seu sorriso descontraído me deixou ainda mais envergonhada. Eu estava realmente muito ridícula!
— É. Eu tô melhor. Obrigada, Joseph — respondi, com as bochechas queimando levemente. 

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Oi oi Gente,bom,desculpem a demora,mudei o Lay,perceberam ? estou arrumando ele ainda,enfim,marquem o Eu li,ou os outros ai debaixo e comentem,ficarei muito feliz kkk
Ate domingo ou segunda babys,bom FDS <3
beijos,Nath 

2 comentários:

  1. Que perfeito ❤️❤️❤️❤️
    To Amando tudo
    Kkkkk...imaginando a demi vistindo esses vestidos de antigamente kkkk.
    Posta logo
    Beijos

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