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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Perdia #Capitulo 1

Eu sabia que devia ter voltado pra cama assim que saí de casa e tentei pegar,um táxi; era dia de rodízio. Eu devia ter voltado pra baixo dos meus lençóis assim que aquele motorista idiota passou rente ao meio fio e literalmente ensopou meus jeans dos joelhos pra baixo.

Eu devia ter voltado!

Mas, em vez disso, respirei fundo e o insultei por uns dois minutos com todos os palavrões que eu conhecia. Ignorei claro, os pedestres que me atiraram olhares reprovadores.
Não ficou melhor quando cheguei — vinte minutos atrasada — no escritório e o imbecil, rechonchudo e desalmado do meu chefe me fuzilou com os olhos e depois disse com desdém:

— Além de chegar atrasada, você ainda aparece aqui usando essa roupa imunda? Você devia se vestir um pouco melhor, Demetria. Com o salário que eu te pago...

Ah, sim. QUE SALÁRIO!

Eu mal conseguia pagar minhas contas em dia. Trabalhava naquela empresa desde o estágio na faculdade. Depois que me formei, acabei sendo efetivada e, como não apareceu coisa melhor, me acomodei um pouco. Além disso, eu tinha um plano: Carlos já estava esperando sua aposentadoria e eu tinha grandes chances de substituí-lo. Claro que, antes, teria que passar pela provação de suportá-lo até que isso acontecesse.

— Eu sei, Seu Carlos — comecei. — Mas acontece que um motorista idiota passou...
— Ah! Chega de desculpas. Já estou farto delas. Acha mesmo que eu acredito em suas histórias? Não entendo por que ainda não te demiti! — ele arqueou uma sobrancelha desafiadoramente.

Porque eu sou a mais competente de todo este prédio, seu porco arrogante!

— Me desculpe. Vou pra minha mesa agora mesmo pra compensar o atraso, está bem? — e sem esperar por mais um de seus ataques, marchei em direção à minha mesa, espiando sua reação pelo canto dos olhos. Carlos ficou parado me encarando por um momento, bufou e depois saiu resmungando. Tentei dissolver a pilha de papéis acumulada em minha mesa o mais rápido que pude. Era uma pilha considerável, mas eu era realmente eficiente e terminaria tudo bem rápido.
No entanto, perto da hora do almoço, meu computador travou e depois apagou completamente. Tentei religá-lo, mas nada aconteceu. Estava morto! Bati algumas vezes na máquina tentando fazê-la voltar a vida através de tortura, mas nem uma luz acendeu.

— Preciso desses papéis na minha mesa até as cinco! — Carlos urrou da porta. Devia ter visto meu embate com a máquina.
— Eu sei! Mas não é culpa minha se o computador pifou. Como posso fazer todos os contratos sem o computador?

Ele sorriu ironicamente e apoiou uma mão na porta.

— Como fazíamos antes de inventarem essas máquinas complicadas que sempre deixam a gente na mão.
Olhei pra ele sem compreender. Do que diabos aquele homem estava falando? Carlos notou minha expressão — cética, imaginei — e acrescentou
— É claro que você sabe que os computadores nem sempre estiveram aqui, não é? — ele disse lentamente, como se eu fosse uma débil mental.

Grrrr!

— Claro que eu sei!

Eu preciso deste emprego! Não adianta nada pular no pescoço dele e estrangulá-lo! Repeti para mim mesma várias vezes. Contudo, não me convenci inteiramente.

— Então, mãos à obra, Sofia. Você tem até as cinco. A máquina de datilografia está no armário do almoxarifado. EIa não trava, não dá pau, o cartucho não acaba... Você vai gostar! É muito eficiente. Dá até saudades do tempo em que o escritório era preenchido pelo barulho dos botões. — um sorriso cínico apareceu em seus lábios. Um sorriso que dizia você não vai conseguir!
Vamos ver, careca! — e fui buscar a tal máquina. Era pesada e desajeitada para carregar. Coloquei-a sobre minha mesa e observei.

Hummm... Eu já tinha ouvido falar sobre ela.

Mas cadê o botão pra ligar? Experimentei uma tecla qualquer.
Tec. Tec, tec, tec, tec, tec, plim! Plim? Será que eu quebrei esse troço? Ai, meu Deus! Só me faltava essa!
Joana, que ria alto, provavelmente da minha cara de pânico, saiu de sua mesa — duas atrás da minha — e veio ao meu socorro. Ela era a funcionária mais antiga da empresa, certamente chegou a trabalhar com a coisa pré-histórica.
— Demi, pare de olhar para a máquina com essa cara! — ela disse, empurrando os óculos marrons com o dedo indicador. — Isso não é um objeto alienígena.
— Não. — concordei. — Se fosse, eu provavelmente saberia como usar, O problema é que... — eu estava mesmo com medo daquela máquina barulhenta cheia de tecs e plins, mas precisava terminar meu trabalho. Bem... Eu já vi uma dessas uma vez no museu da tecnologia, mas...

— Você não sabe usá-la. — ela concluiu, ainda rindo. Suas bochechas vermelhas.

As minhas também deviam estar vermelhas, mas de vergonha. Não existia programa algum de computador que eu não soubesse utilizar, sempre aprendia rapidamente assim que um novo aparecia. Mas aquela máquina robusta...

— Eu nem sei ligar essa coisa! — sussurrei. Algumas pessoas nos observavam com olhos curiosos.
Joana explodiu outra gargalha e quase todos no escritório voltaram sua atenção para onde eu estava. Devo ter ficado roxo berinjela!
— É bem simples, Sofia. Você coloca o papel aqui — pegou um papel em branco, enfiou numa fenda e depois girou um botão enorme na lateral da coisa. Rec, rec, rec, rec. — Depois prende com isso — ela ergueu um pequena e fina haste metálica, encaixou a folha e depois soltou a haste, prendendo o papel. — E pronto!
— Ah! Parece fácil!

Joana não pareceu acreditar muito na minha convicção. Voltou para sua mesa sacudindo levemente a cabeça, erguendo os óculos grandes para poder enxugar as lágrimas dos olhos. Que bom que pelo menos ela estava se divertindo!
Concentrei-me na máquina.
Experimentei digitar com certa cautela, e percebi que nada saia no papel.

— Precisa apertar com mais força. — Joana gritou, ainda me observando. — Tem que fazer tec.

Tentei outra vez Ah! Deu certo. As letras apareceram no papel.

Digitei — datilografei — algumas linhas, meio desajeitada, e parei. Observei o teclado atentamente. Não. Não estava lá.
— Joana, onde fica o delete?

Ela ergueu as sobrancelhas e abriu ligeiramente a boca.

— Como? — perguntou como se eu estivesse falando em japonês.
— Não tem delete! Eu errei um número e não tô encontrando a tecla delete em lugar algum!
O escritório todo explodiu em uma gargalhada estrondosa, me deixando com vontade de me enterrar debaixo da papelada que estava à minha frente.
Urgh!!!

Passei a tarde inteira tentando organizar a pilha de contratos, depois de receber uma rápida aula sobre como usar a máquina antiquada. Entretanto, o serviço não rendeu muito já que a máquina era muito lenta. Ou talvez fosse minha falta de habilidade com ela. Como as pessoas conseguiram viver sem o computador por tanto tempo? — pensei. Levaria dias para que eu conseguisse colocar em ordem os meus e-mails, minha conta no Facebook e, provavelmente não conseguiria ler todas as postagens no Twitter. Teria que fazer isso assim que chegasse em casa. Ficar sem internet era como se eu deixasse de existir, não fizesse mais parte do mundo. Completamente isolada virtualmente!
Saí do escritório um pouco depois das seis — com a cabeça estourando de tantos tecs e plins e recs —, mas não sem antes ligar para o técnico e fazer com que me prometesse entregar meu computador no dia seguinte. Na primeira hora!
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Espero que tenham gostado,amanha eu volto. 3 beijos
By: Nath
                                                                     

3 comentários:

  1. Gostei da historia mais gostaria q tbm terminasse espere por mim. Bem vinda Nath bjs

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    1. Vamos fazer assim,sua linda,eu vou ficar aqui por alguns meses,e essa fic não é muito longa,então assim que eu acabar esta,eu volto com espere por mim. é muito foda essa historia (espere por mim ) porem muito longona .
      Obrigada minha linda.
      Beijos

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  2. Eu adorei kkk muito engraçado....ai ai
    ansiosa aqui para saber o que vai acontecer
    posta logoo viu sua linda
    beijoss

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