Ela olhou rapidamente para Josh e depois de volta pra mim.
— Eu acho que... Acho que eu...
Seus olhos estavam ansiosos, meio inseguros. Ela parecia assustada.
Oh- Oh!
— Meu Deus, Marisa! Você está grávida, não está? — fiquei gelada. Marisa cuidando de um bebê! Um bebê que chora e vaza meleca por vários orifícios diferentes. O tempo todo! Se bem que, se ela era capaz de suportar o Josh com seus quase dois metros resmungando e pedindo coisas o tempo todo, seria capaz de cuidar de um bebê de cinquenta centímetros e que, certamente, reclamaria muito menos.
— Não! — sua voz horrorizada. — Demi você ficou doida? Eu não estou grávida. — seus olhos correram em direção ao Josh para se certificar de que ele não tinha ouvido, e aparentemente ele não ouviu.
— É que você... Eu pensei... Que... Que... Esquece o que eu pensei! Me desculpe, Marisa. Conta logo o que tá te deixando tão apreensiva.
Marisa baixou a cabeça por um instante, observando seu copo quase vazio e depois, com aquele sorriso que dizia aprontei-outra-vez nos lábios, se voltou para mim.
— Acho que vou convidar o Josh pra morar comigo! — ela disse, quicando na cadeira. Seus olhos brilhantes de ansiedade e excitação.
— Ah! — levei meu copo à boca e tomei um grande gole. Rã...
Seu rosto delicado murchou um pouquinho.
— Eu sabia que você não ia gostar — murmurou, baixando os olhos e sacudindo levemente a cabeça, fazendo seus cachos negros tremularem um pouco.
Olhei pra ela, pra minha amiga, minha melhor amiga, que muitas vezes foi minha irmã mais velha. Eu sabia que minha aprovação era importante pra ela. Tentei parecer menos tensa do que na verdade estava.
— Não é isso. É claro que é... legal. Muito legal. tomei outro gole de chope.
— É só que... Você tem certeza, Marisa? Tem certeza que ele é o cara certo pra você?
—Tenho! — sua voz estava firme e seu rosto sério, mas os cantos de seus lábios cheios teimavam em subir um pouco.
— Mas vocês dois vivem brigando! —constatei o óbvio. — Feito cão e gato! Já perdi as contas de quantas vezes você apareceu lá em casa chorando por causa dele.
— Eu sei Demi. Mas eu estou apaixonada por ele! Não quero ficar longe dele um minuto sequer! Não pode ver isso?
Claro que eu podia. Desde que o conheceu,Marisa ficou maluca por ele. No começo, achei que ela tinha tirado a sorte grande agarrando um cara como Josh grande, forte, loiro, com olhos rápidos e brilhantes e um sorriso debochado —, mas assim que engataram um relacionamento mais sério e ele começou agir de forma infantil e às vezes até rude, mudei de ideia rapidamente.
— Eu sei o quanto você gosta dele. Todo mundo sabe! Mas tem certeza que isso vai dar certo? — tentei falar de forma gentil. Não queria magoá-la dando minha verdadeira opinião sobre ele.
— Não. — Marisa sorriu. — Não tenho certeza. É claro que não! Não se tem certeza de nada quando se esta apaixonada, Demi!
— Ah, se tem sim! Dá pra ter certeza que seu coração será estilhaçado em um milhão de pedaços no final.
Tomei outro gole. Meu copo ficou vazio.
— Demi! Não acontece sempre assim com todo mundo. — ela viu meu olhar cético e continuou. — Não acontece! Existem pessoas que passam a vida toda juntas.
— A-hã!
— Existe sim. Além do mais, nós ficamos juntos o tempo todo, exceto quando estou trabalhando. Metade das minhas coisas estão na casa dele. Facilitaria muito se morássemos debaixo do mesmo teto, e meu apartamento é maior...
— E a outra metade das suas coisas está na minha casa, eu acho...
Humm. Me esqueci de devolver a blusa verde, que ela me emprestou para ir naquele fórum, e a saia. E os sapatos também.
Era uma sorte Marisa ter quase o meu tamanho, apenas centímetros mais alta, porém, era mais curvilínea que eu, fazia o tipo boazuda. Isso pra não falar de sua pele cor de chocolate ao leite, linda e lisa, contrastando com seus olhos de esmeraldas que a deixava parecida com uma deusa africana, enquanto eu tinha olhos castanhos e comuns, pele muito branca e sem graça, sem nenhum atrativo exuberante e cabelos ondulados e indomáveis e sardas
— Eu sabia que aquela blusa não tinha fugido da minha gaveta! — Marisa era um amor. Sempre me socorria nas mais diversas emergências. As de moda inclusas. — Mas o que você acha?
— O que? Sobre roupas fugindo de casa? Acho que faz todo o sentido. Tenho várias delas desaparecidas.
Ela bufou estreitando os olhos.
— Você as encontraria se as dobrasse ao invés de jogar tudo de qualquer jeito.
— fiz uma careta. — Mas não foi isso que eu perguntei.
Eu sabia disso. Sabia que perguntava sobre eles dois morarem juntos. Não queria magoá-la e dizer que realmente achava uma péssima ideia, que toda essa baboseira de amor acaba assim que a rotina aparece. Que só servia pra vender revistas e livros e que na vida real, você sempre acabava sozinha com um buraco no lugar onde costumava ficar seu coração.
— Eu acho... — comecei cautelosa. — Eu acho que se você vai ficar feliz... Se vai te fazer feliz, eu também fico.
Ela pulou da cadeira e me abraçou forte.
— Obrigada, Demi! Você sabe o quanto é importante para mim que você goste da ideia. Você é a única
que não detesta o Josh.
Marisa tinha brigado com seus pais logo depois que se envolveu com Josh. Obviamente, eles também não tiveram uma boa impressão dele e Marisa se recusou a terminar o namoro. Rompeu relações com os pais na mesma época em que perdi os meus — num acidente de carro fatal. Foi um período muito... Ruim. Nós nos apoiamos uma na outra e seguimos em frente. Sendo justa, Josh também me ajudou naquela época. Nem sei o que teria acontecido se eu não tivesse os dois ao meu lado...
— Deixa disso! — eu disse, tentando aliviar o clima, que subitamente ficou mais pesado. Vamos comemorar! Não é todo dia que uma amiga vai passar para o lado das seriamente comprometidas.
Ela me soltou e revirou os olhos.
— Ai, Demi! Às vezes, você fala como se casamento fosse uma sentença de morte.
E não era?
Viver em função de uma só pessoa, como se sua vida apenas tivesse sentido se ela estivesse por perto? Acordar e olhar para a mesma pessoa todo santo dia! Sexo com uma única pessoa pelo resto da vida! Ter que cuidar da casa, do marido, dos filhos, do cachorro, trabalhar... Não era um tipo de sentença de escravidão, pelo menos?
Eu não entendia o que levava uma pessoa lúcida a se casar. Se bem que a maioria delas não parecia gozar de sua plena sanidade quando estavam apaixonadas.
— Não é! — ela afirmou, provavelmente vendo a descrença estampada em meu rosto. — Tenho esperanças de que você encontre o cara certo um dia desses, sabia? Já está na hora de viver uma história de amor de verdade e esquecer as dos livros. Acho que vai ser divertido ver como você vai se sair quando se apaixonar pela primeira vez.
— Eu já me apaixonei uma vez! E não tem nada de errado em gostar de ler histórias de amor, pelo menos nos livros elas tem finais felizes! Não machucam ninguém.
Não gostei do rumo que a conversa tomava.
— Ah! Não! Você não se apaixonou, não!
— Claro que me apaixonei! Você sabe disso.
Estávamos na faculdade. Já éramos amigas na época. Ela esteve do meu lado quando me envolvi com Bruno. Um desses idiotas que sabe-se-lá-por-quê acabei me apaixonando.
— Você não se apaixonou por Bruno. Você gostava dele, sentia atração por ele. Mas não amor. — ela pegou um amendoim e mastigou. — Se você o amasse de verdade, não teria ficado tão tranquila como ficou quando o flagramos aos beijos com a Denise. — ela se recostou na cadeira, o rosto triunfante.
— Só porque não fiquei chorando pelos cantos por décadas não significa que não estivesse apaixonada! Eu fiquei arrasada sim! O que você queria que eu fizesse? Que me atirasse da ponte? Se ele quis outra garota, paciência. A fila anda! — Levei o copo a boca, mas estava vazio.
Droga!
— Exatamente! Se realmente estivesse apaixonada, a fila demoraria um pouco mais para começar a andar. E você ficou arrasada por que foi trocada por outra, não por perdê-lo. Desista, Sofia. Não vai conseguir me convencer. Quando se, apaixonar de verdade, me dará razão.
Não fazia sentindo começar uma discussão com Marisa, ela não cederia. E nem eu. Suspirei derrotada.
— Preciso ir a o banheiro. — o chope precisava sair! E eu queria que o assunto morresse. — Pede mais uma rodada pra gente comemorar.
Eu não estava bêbada — não muito. Dei algumas tropeçadas no caminho, mas isso até era meio normal pra mim. Eu apenas estava um pouquinho mais devagar que o normal, tipo em câmera lenta. Entrei no banheiro lotado e esperei minha vez. Praticamente me joguei dentro do banheiro quando a porta se abriu. Desabotoei rapidamente a calça, me equilibrei meio em pé, meio agachada — não havia condições técnicas pra me sentar ali! — e... Ah! O alívio!
Foi então que ouvi um “ploct”.
Olhei para baixo bem a tempo de ver meu celular — com todos os meus contatos, minha agenda, minhas músicas — cair do bolso da calça, boiar por dois segundos e depois mergulhar dentro do vaso sanitário.
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Hey,desculpem a demora,espero que gostem.
3beijos,Nath
vish...demi deixou o celular cair no vaso...
ResponderExcluirnossa que azar kkk..
ta perfeito
ansiosa aqui para saber mais...
beijos
posta logoo *--*